A rotina de muitos brasileiros já inclui conviver com dezenas de ligações diárias que, em grande parte, vêm de empresas tentando oferecer produtos e serviços.
Porém, o incômodo cresce quando essas chamadas telefônicas sequer apresentam alguém do outro lado da linha. Nestes casos, ao atender, a pessoa só escuta o silêncio, seguido do desligamento automático.
Essa prática vem gerando confusão e desconforto, levando muitos a se perguntarem o que há por trás dessas chamadas silenciosas e como evitá-las.
Aprenda a não receber ligações que quando atende fica mudo
Sendo assim, de início, vale informar que essas ligações são frequentemente fruto de sistemas automatizados, conhecidos como robocalls.
Criadas para identificar quais números estão ativos, essas chamadas são disparadas em massa por robôs que operam com base na tecnologia VoIP (voz sobre IP).
Se o número chamado for atendido, mesmo que ninguém fale, ele passa a ser considerado válido e pode ser reutilizado em campanhas futuras.
Embora esse mecanismo seja utilizado por call centers para maximizar a eficiência de contato com clientes, ele também é explorado por golpistas para fins maliciosos.
Detectar se quem atende essas ligações é um idoso ou uma pessoa mais vulnerável, por exemplo, pode ser o primeiro passo de uma fraude.
Estudos acadêmicos apontam que essas chamadas têm se tornado tão comuns quanto o spam de e-mail, sendo classificadas como uma forma de “lixo telefônico”.
Um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona já alertava, desde 2016, para o crescimento alarmante desse fenômeno.
Anatel enfrenta ligações indesejadas, e usuários possuem ferramentas
No Brasil, a situação também é crítica: milhões de ligações indesejadas são feitas diariamente, levando usuários a bloquear números manualmente ou a recorrer a aplicativos especializados.
Para enfrentar o problema, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) passou a adotar medidas mais rigorosas a partir de 2024. As operadoras que realizarem disparos em massa agora estão sujeitas a penalidades que podem chegar a R$ 50 milhões.
Além disso, a agência intensificou o monitoramento e, segundo dados recentes, já barrou bilhões de chamadas indevidas desde o início das ações.
Do lado do consumidor, algumas atitudes simples ajudam a se proteger. Evitar atender chamadas de números desconhecidos, bloquear manualmente os contatos persistentes e utilizar aplicativos de identificação de chamadas são práticas recomendadas.
Serviços como o “Não Me Perturbe”, criado para limitar chamadas de telemarketing, também ajudam a reduzir significativamente o volume dessas interrupções, embora ainda não sejam suficientes para conter os golpistas.