Uma das superbactérias mais conhecidas e perigosas à saúde humana, a Staphylococcus aureus (S. aureus), pode causar infecções graves, especialmente quando afeta pessoas com imunidade comprometida.
Essa bactéria está frequentemente presente na pele e nas mucosas de boa parte da população, mas quando consegue penetrar no organismo, pode desencadear problemas sérios, como infecções profundas e até sepse, uma inflamação generalizada com risco elevado de morte.
Agora, um novo estudo revela que um fungo natural da pele humana pode ser a chave para impedir a proliferação dessa superbactéria resistente a antibióticos.
Superbactéria pode ser eliminada com fungo da pele
A descoberta, publicada na revista científica Current Biology, foi feita por pesquisadores da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos.
Eles analisaram o comportamento da levedura Malassezia sympodialis, um fungo amplamente presente em peles saudáveis.
O grupo observou que esse micro-organismo produz uma substância chamada ácido 10-hidroxi palmítico (10-HP), capaz de inibir o crescimento da superbactéria S. aureus.
Esse ácido graxo é liberado enquanto o fungo se alimenta dos lipídios e óleos naturais da pele.
A atuação do 10-HP se mostra especialmente eficaz em ambientes com pH ácido — como é o caso da superfície da pele — onde ele se torna tóxico para a bactéria.
Em testes laboratoriais, os cientistas verificaram que a exposição ao fungo reduziu em mais de cem vezes a viabilidade da S. aureus em apenas duas horas.
Embora a bactéria possa, com o tempo, desenvolver alguma resistência à substância, o efeito antimicrobiano inicial foi considerado promissor.
Outros tipos de estafilococos, que não oferecem perigo à saúde, mostraram-se mais adaptáveis à presença do fungo, convivendo com ele sem prejuízos.
Superbactéria é responsável por doenças simples e quadros graves
A S. aureus pode causar desde infecções leves na pele até quadros severos como pneumonia, meningite, endocardite e infecção óssea.
O risco maior ocorre quando a bactéria entra na corrente sanguínea, o que pode levar ao desenvolvimento de sepse. A condição, se não tratada rapidamente, pode provocar falência de múltiplos órgãos e, em casos graves, levar à morte.
Estima-se que infecções causadas por essa bactéria resultem em mais de 500 mil hospitalizações por ano apenas nos Estados Unidos.
A pesquisa abre caminho para tratamentos baseados em compostos naturais presentes no corpo humano, oferecendo uma nova alternativa no enfrentamento às superbactérias resistentes.