Há exatos 100 anos, em 4 de maio de 1925, Albert Einstein chegava ao Rio de Janeiro para uma visita que marcaria a história da ciência brasileira. O renomado físico permaneceu sete dias na então capital do país, como parte de uma viagem por América do Sul que teve como principal objetivo divulgar e debater a recém-verificada Teoria da Relatividade.
É importante mencionar que a passagem pelo Brasil, organizada por entidades judaicas com apoio de instituições científicas, incluiu visitas à Fundação Oswaldo Cruz, ao Museu Nacional e ao Observatório Nacional.
A efeméride do centenário está sendo celebrada com eventos e exposições. Na próxima sexta-feira, 9 de maio, o Observatório Nacional sediará uma programação especial com mesas de discussão, a partir das 8h50.
Já o Museu da Vida, na Fiocruz, dedicará parte de suas visitas ao tema ao longo da semana, com destaque para o exemplar assinado por Einstein guardado na Biblioteca de Obras Raras.
Céu que comprovou a relatividade
É importante mencionar que a visita de Einstein ao Brasil não foi apenas protocolar. Em 9 de maio de 1925, ele se encontrou com o diretor do Observatório Nacional, Henrique Morize, responsável por liderar a famosa expedição ao Ceará em 1919.
A missão científica internacional que observou o eclipse solar em Sobral foi crucial para a comprovação do desvio da luz previsto pela Teoria da Relatividade Geral, o experimento elevou Einstein ao status de celebridade mundial.
Dessa forma, o físico reconheceu pessoalmente os esforços dos cientistas brasileiros. “O problema que a minha mente imaginou foi resolvido aqui no céu do Brasil”, escreveu ele, em agradecimento. Vale mencionar que, embora o feito tenha sido compartilhado com expedições inglesa e americana, foi a atuação conjunta de Morize e do argentino Charles Perrine que garantiu as
condições ideais para a observação histórica no território brasileiro.
Críticas e legado da visita de Albert Einstein
Outro detalhe importante é que, apesar do simbolismo da visita, Einstein registrou impressões contraditórias sobre o Brasil. Em seu diário, demonstrou entusiasmo pela diversidade étnica e elogiou o trabalho do general Cândido Rondon com populações indígenas, chegando a recomendá-lo ao Nobel da Paz.
Entretanto, também fez observações depreciativas sobre os costumes locais e o clima tropical, o que evidencia uma visão eurocêntrica comum à época.