Na noite da última quarta-feira, 30 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A escolha ocorre em meio à crise provocada por denúncias de fraudes bilionárias que atingiram diretamente aposentados e pensionistas. O escândalo levou à demissão do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, afastado por decisão judicial após investigações apontarem sua omissão diante das irregularidades.
Segundo a Polícia Federal, o caso, resolvido no atual governo, vem acontecendo desde 2019, ainda sob a presidência de Jair Bolsonaro (PL).
Novo presidente do INSS será um procurador federal
Segundo anuncio do governo federal, Gilberto Waller Júnior, agora à frente da autarquia, tem trajetória consolidada na administração pública. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, com especialização em combate à corrupção e lavagem de dinheiro, ingressou no INSS como procurador em 1998.
Ao longo da carreira, exerceu funções estratégicas, como corregedor-geral do instituto no início dos anos 2000 e subprocurador-geral nos anos seguintes.
Também teve passagem relevante pela Controladoria-Geral da União (CGU), onde atuou como ouvidor-geral da União de 2016 a 2023. Até sua nomeação, era corregedor da Procuradoria-Geral Federal, órgão vinculado à Advocacia-Geral da União (AGU).
Sua experiência em controle interno e combate a desvios foi um dos fatores considerados para assumir o comando do INSS em um dos momentos mais delicados da sua história recente.
Novo presidente do INSS chega em meio a revelação de fraude; governo vai ressarcir aposentados
A escolha de Waller vem após a revelação de um esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários. Milhões de aposentados foram surpreendidos com cobranças não autorizadas, atribuídas a supostos serviços oferecidos por entidades associativas.
As investigações indicaram que tais descontos eram viabilizados por meio de falsificações e acordos firmados com o INSS sem a devida fiscalização. O valor estimado do prejuízo ultrapassa R$ 6 bilhões, em operações que ocorreram durante a gestão anterior.
Em resposta, o governo Lula suspendeu os acordos que permitiam os repasses às associações envolvidas, bloqueou novos descontos e anunciou que os valores retidos indevidamente serão devolvidos diretamente aos beneficiários, sem necessidade de solicitação formal.
A reformulação do sistema de autorizações e a criação de um grupo de trabalho interinstitucional também fazem parte das medidas adotadas para restaurar a confiança dos segurados e garantir maior transparência na Previdência Social.