Publicada na revista Rheumatology, uma pesquisa da Universidade de Cambridge (Reino Unido) revela que a desvalorização das queixas dos pacientes pode causar impactos psicológicos significativos e atrasar o diagnóstico de doenças autoimunes.
O estudo, que entrevistou mais de 1,5 mil pessoas com condições como lúpus, artrite reumatoide e vasculite, constatou que muitos tiveram seus sintomas erroneamente atribuídos a fatores emocionais, quando na verdade eram causados por inflamações relacionadas a falhas no sistema imunológico.
Diagnósticos errados
De acordo com o reumatologista José Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, sintomas como dores e fadiga são comuns em doenças autoimunes e não devem ser atribuídos apenas ao estresse. Desconsiderar esses sinais pode levar ao agravamento dos quadros e prejudicar significativamente o bem-estar dos pacientes.
O estudo também revelou um forte impacto emocional: mais de 80% dos participantes relataram queda na autoestima devido à minimização de seus sintomas, e três em cada quatro ainda carregam ressentimentos pelos diagnósticos errados, mesmo após anos.
Além disso, a progressão não tratada das doenças pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos como ansiedade e depressão. Embora o estresse possa ser um gatilho para crises, ele não é a causa principal, que está relacionada a fatores como predisposição genética, comorbidades e hábitos de vida.
Atenção ao próprio corpo
Especialistas alertam que certos sinais não devem ser ignorados pelos pacientes, como mudanças repentinas no peso sem explicação, cansaço constante mesmo após descanso, alterações na pele, dores persistentes e problemas sensoriais ou cognitivos, como perda de memória e visão embaçada. Esses sintomas podem indicar condições graves, como desequilíbrios hormonais, inflamações, doenças neurológicas ou até câncer.
Investigar sintomas persistentes, fazer exames preventivos regularmente e adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada, sono adequado, exercícios físicos frequentes e evitar álcool e tabaco, são fundamentais para preservar a saúde e prevenir possíveis complicações.