Nesta segunda-feira (28), Dia Mundial da Educação, a ONG Todos Pela Educação, em colaboração com o Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), apresentou um estudo intitulado “Aprendizagem na educação básica: situação brasileira no pós-pandemia“.
O levantamento traz um quadro alarmante da educação no Brasil, com especial foco nas dificuldades no aprendizado de matemática, uma das disciplinas mais impactadas pelos desafios enfrentados no período pós-pandemia. Segundo os dados mais recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), acessados por meio do portal QEdu, a situação do ensino de matemática continua a ser bastante crítica.
Dados do ensino médio
- Em 2023, apenas 16% dos estudantes do 9º ano alcançaram um aprendizado adequado em matemática. Em 2019, esse percentual foi de 18%. Em 2021, foi de 15%.
- No 3º ano do ensino médio, apenas 5% dos estudantes atingiram o nível de aprendizado adequado, mantendo o índice crítico de 2021.
- Desigualdades raciais: 8% dos estudantes brancos alcançaram aprendizado adequado. 3% dos estudantes pretos atingiram o mesmo nível de aprendizado.
- Desempenho conforme o nível socioeconômico (NSE): Alunos de alto NSE apresentam desempenho significativamente melhor.
- No último ano da educação básica, 59% dos estudantes brasileiros estão classificados no nível “insuficiente” da escala de proficiência em matemática, indicando uma crise educacional profunda.
Aprendizado de matemática
Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede, ressalta que o desempenho insatisfatório em matemática no Brasil é uma realidade antiga. Desde a década de 1990, quando o país iniciou o monitoramento da aprendizagem por meio de avaliações externas, como o Saeb e o PISA, os resultados já indicavam dificuldades significativas na área.
Mesmo com o esforço de redes de ensino nos últimos anos, o avanço no aprendizado de matemática permanece limitado. Entre 2019 e 2023, apenas quatro estados — Ceará, Goiás, Alagoas e Maranhão — conseguiram apresentar alguma melhora nos indicadores. No entanto, essas variações foram muito pequenas, todas abaixo de 0,5 ponto percentual, o que demonstra que os progressos ainda são insuficientes para enfrentar o problema de forma consistente.