A partir de 21 de março de 2025, entrou em vigor o Crédito do Trabalhador, uma nova modalidade de empréstimo consignado regulamentada pelo Governo Federal e monitorada pela CAIXA Econômica Federal (CEF).
O programa, destinado a trabalhadores com carteira assinada, inclusive empregados rurais, domésticos e MEIs contratantes, promete oferecer taxas de juros reduzidas e maior facilidade na contratação, o que vem alterando a dinâmica do mercado de crédito e afetando o desempenho financeiro dos principais bancos brasileiros.
Conforme levantamento recente do JPMorgan, instituições financeiras como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Nubank, embora tenham demorado algumas semanas para disponibilizar ofertas próprias, já começaram a disputar espaço nesse novo segmento.
É importante mencionar que a novidade, além de expandir o acesso ao crédito mais barato para os trabalhadores, traz impactos relevantes sobre as margens de lucro e a rentabilidade dos bancos.
Empréstimo do Trabalhador movimenta o setor bancário
Com o lançamento do Crédito do Trabalhador, a rede bancária pública e privada passou a oferecer uma opção de financiamento com desconto direto em folha de pagamento, através do eSocial. O processo é simples: o trabalhador acessa o App da CTPS Digital, autoriza o compartilhamento de dados e recebe propostas de crédito em até 24 horas.
Vale mencionar que a nova linha de crédito foi criada para combater o superendividamento, permitindo a troca de dívidas caras por empréstimos com taxas mais acessíveis. O trabalhador também pode utilizar até 10% do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de serviço) como garantia, além da multa rescisória em caso de demissão.
Outro detalhe importante é que a modalidade apresenta margem consignável de 35% do salário, o que garante segurança às instituições financeiras quanto ao recebimento das parcelas. Dessa forma, o Crédito do Trabalhador já se apresenta como uma alternativa sólida frente às linhas tradicionais de crédito pessoal.
Pressão nas margens de lucro dos bancos
O aumento da adesão ao crédito consignado para CLTistas vem pressionando as margens financeiras das instituições bancárias. Isso porque, apesar de reduzir o risco de inadimplência, as taxas de juros mais baixas diminuem o spread bancário, a diferença entre o custo de captação de recursos e os juros cobrados nos empréstimos.
É importante mencionar que bancos como Itaú e Bradesco possuem baixa exposição ao crédito pessoal, o que deve amortecer eventuais impactos sobre os lucros.
Entretanto, fintechs como o Nubank, cuja carteira de crédito é fortemente concentrada em empréstimos pessoais, tendem a sentir maior pressão, visto que precisarão migrar parte significativa dos clientes para a nova linha de crédito menos rentável.
Além disso, a possibilidade de portabilidade de crédito a partir de junho de 2025 aumenta a competição no setor, incentivando trabalhadores a buscar sempre a menor taxa disponível.