Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) divulgaram, no Journal of Academy of Nutrition and Dietetics, resultados preocupantes sobre o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde mental e física da população.
O estudo, baseado em dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), revelou que indivíduos que consomem esses produtos em grande quantidade têm um risco 58% maior de desenvolver depressão persistente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão, sendo esta a principal causa de incapacidade global. Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade urgente de repensar padrões alimentares, especialmente frente ao crescimento do consumo de ultraprocessados no Brasil.
A influência dos alimentos ultraprocessados na saúde mental e física
O estudo da FMUSP identificou que o consumo elevado de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, salgadinhos, embutidos e alimentos instantâneos, não apenas reduz a ingestão de nutrientes essenciais, como fibras e antioxidantes, mas também promove inflamações sistêmicas e desequilíbrios na microbiota intestinal.
Isso porque o intestino e o cérebro estão diretamente conectados, e alterações nessa relação podem levar a neuroinflamação, mudanças na produção de neurotransmissores e, consequentemente, ao desenvolvimento de transtornos como o estresse e a depressão.
Vale mencionar que pesquisas complementares, como as realizadas pela Fiocruz em parceria com a ACT Promoção da Saúde e a Vital Strategies, indicam que o consumo de ultraprocessados gera um impacto anual de R$ 933,5 milhões no Sistema Único de Saúde (SUS), além de representar perdas econômicas que ultrapassam R$ 10,4 bilhões devido a mortes prematuras.
Aumento do consumo preocupam especialistas
Outro detalhe importante é que entre 2013 e 2023, o consumo de ultraprocessados no Brasil aumentou 5,5%, segundo o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP. Isso reflete uma tendência impulsionada pela urbanização, rotinas aceleradas e a oferta crescente de produtos industrializados a preços acessíveis.
Além disso, estudos mostram que o consumo de ultraprocessados está associado a um risco 12% maior de morte prematura e a doenças crônicas como câncer colorretal, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e demência.
Sendo assim, especialistas recomendam a redução do consumo desses produtos e a priorização de alimentos in natura ou minimamente processados.