O sistema de pagamentos instantâneos Pix, lançado em 2020, revolucionou a forma como os brasileiros realizam transações financeiras. No entanto, em 2024, a crescente onda de fraudes envolvendo o Pix gerou um impacto alarmante.
Segundo o Banco Central, os prejuízos causados por golpes atingiram a cifra de R$ 4,941 bilhões, um aumento de 70% em relação ao ano anterior. Este artigo analisa as principais causas dessa escalada de fraudes, as dificuldades na devolução dos valores, o papel das contas-laranja e as estratégias para combater esse crime, além de fornecer orientações para a população se proteger.
Apesar do grande volume de transações realizadas via Pix em 2024, que somaram R$ 26,4 trilhões, o aumento das fraudes preocupa as autoridades. As fraudes representam uma fração ínfima (0,019%) do total de transações, mas o crescimento constante do número de notificações de golpes é alarmante.
Em 2024, o número mensal de fraudes superou 390 mil, mais que o dobro do registrado em 2023. Esse crescimento destaca a necessidade de medidas mais robustas para garantir a segurança dos usuários.
O que caracteriza uma fraude no Pix?
O Banco Central, por meio do Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), classifica como fraude qualquer transação que envolva:
- Estelionato ou golpe: Quando o pagamento é realizado sem o consentimento do usuário.
- Coerção ou extorsão: Caso a transação tenha ocorrido sob pressão ou ameaça.
- Transação sem reconhecimento do titular da conta: Quando terceiros realizam transações sem a permissão do titular.
Ao ser identificada uma fraude, o processo de devolução dos valores é iniciado, mas nem sempre é possível recuperar os montantes desviados.
Por que os valores não são devolvidos?
Embora o sistema de restituição tenha sido desenvolvido para lidar com fraudes, muitos pedidos de devolução são rejeitados. Em 2024, mais de 3,4 milhões de solicitações de estorno foram negadas. As principais razões incluem:
- Conta sem saldo: Quando a conta que recebeu o pagamento não tem fundos suficientes no momento da tentativa de estorno.
- Encerramento da conta: O fechamento da conta bancária utilizada pelo fraudador dificulta a devolução do dinheiro.
- Problemas técnicos: Falhas no sistema também podem complicar o processo de restituição.
Esses obstáculos revelam a fragilidade do processo de recuperação de valores após golpes, tornando ainda mais crucial a implementação de medidas preventivas.
Contas-Laranja
As chamadas contas-laranja desempenham um papel crucial nas fraudes realizadas pelo Pix. São contas bancárias alugadas ou vendidas a criminosos para que eles possam movimentar o dinheiro obtido de maneira ilícita. Essas contas, muitas vezes registradas com a conivência dos titulares, permitem que os fraudadores façam transações de forma mais difícil de rastrear.
Além disso, criminosos também utilizam contas abertas com documentos falsificados para realizar fraudes. Apesar de representarem uma minoria das fraudes (1%), esses casos demonstram falhas significativas nos processos de verificação digital dos bancos.
Como os bancos e o Banco Central estão reagindo?
O Banco Central e os bancos têm adotado medidas para mitigar os danos causados pelas fraudes no Pix. Algumas dessas medidas incluem:
- Fechamento imediato de contas-laranja: Bancos, como o Itaú, têm fechado rapidamente contas identificadas como de passagem, ou seja, utilizadas exclusivamente para fraudar.
- Proposta de punições mais severas: Há uma proposta em tramitação que sugere a proibição de indivíduos flagrados cedendo suas contas para crimes de acessarem o sistema bancário por até cinco anos.
- Maior rigor na verificação de identidade: O Banco Central reforçou as exigências de verificação de identidade nas instituições financeiras, principalmente em relação à abertura de contas digitais.
Os dados de 2024 revelam que 38% das contas fraudulentas estavam registradas no nome dos próprios golpistas (contas scammer). Outros 27% correspondiam a contas-laranja, enquanto apenas 1% envolvia falsidade ideológica. Isso destaca que, em grande parte, os próprios golpistas são os beneficiários dos valores fraudados.
Como se proteger de fraudes no Pix?
Embora as fraudes estejam em ascensão, existem diversas maneiras de se proteger. Aqui estão algumas dicas cruciais para evitar cair em golpes:
- Desconfie de ofertas vantajosas: Desconfie de promoções irresistíveis ou pedidos urgentes de transferência.
- Não compartilhe dados pessoais: Evite divulgar informações sensíveis em sites ou redes sociais não confiáveis.
- Ative notificações do banco: Fique atento a todas as transações realizadas em sua conta.
- Use autenticação em duas etapas: Esse método de segurança pode impedir que golpistas acessem sua conta, mesmo que tenham suas credenciais.
- Atualize antivírus e sistemas: Manter seus sistemas atualizados ajuda a proteger contra ataques cibernéticos.
- Evite interações com desconhecidos: Bancos nunca pedem códigos de verificação via SMS ou WhatsApp.
Manter-se informado e tomar atitudes proativas de proteção são passos essenciais para garantir a integridade das transações realizadas via Pix.