O avanço do mar, um fenômeno natural impulsionado pelas mudanças climáticas, está colocando em risco algumas das praias mais turísticas do Brasil, e uma delas é a famosa orla de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.
A cidade, conhecida por suas paisagens deslumbrantes e proximidade com a icônica Baía de Guanabara, pode enfrentar um futuro incerto caso as previsões relacionadas ao aumento do nível do mar se confirmem. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) trouxe à tona uma realidade alarmante com a orla de Niterói pode, em breve, desaparecer do mapa.
A pesquisa realizada pela UFF utilizou uma matriz de vulnerabilidade ambiental para mapear as nove regiões de Niterói, levando em consideração tanto os aspectos econômicos quanto os ambientais.
O estudo destaca as fragilidades das áreas costeiras da cidade, com foco nas zonas mais suscetíveis ao avanço do mar. De acordo com as previsões, o aumento do nível do mar não só pode afetar a infraestrutura e os ecossistemas locais, mas também comprometer a qualidade de vida dos habitantes.
Baía de Guanabara vs. Região Oceânica
O estudo revela que a Baía de Guanabara, por ser uma área mais vulnerável a problemas socioeconômicos, enfrenta um conjunto de desafios diferentes. O avanço do mar nesta região pode agravar ainda mais a desigualdade social, já que muitas comunidades da Baía de Guanabara dependem diretamente da área costeira para suas atividades econômicas.
Já na região oceânica de Niterói, as áreas que enfrentam maior risco são aquelas com ecossistemas mais sensíveis, que podem ser facilmente danificadas pelas forças do mar.
Previsão para 2100
Um dos pontos mais alarmantes do estudo é a previsão de subida do nível do mar. Mesmo em um cenário considerado otimista, com um aumento de 0,50 metro até o ano de 2100, o impacto pode ser devastador.
Fenômenos naturais como ressacas podem fazer com que o nível do mar suba até 1,80 metro, o que causaria a submersão de áreas da cidade. Isso representaria o desaparecimento de cerca de 9.000 moradores e da vegetação que ocupa uma área de aproximadamente dois milhões de metros quadrados.
Diante de tal ameaça, a Empresa de Infraestrutura e Obras de Niterói (Emusa) desenvolveu um projeto ambicioso para tentar reduzir os efeitos do avanço do mar na cidade.
A proposta é a criação de um reservatório subterrâneo no Estádio Caio Martins, localizado em Icaraí, um dos bairros mais afetados pelo fenômeno. A ideia é armazenar água das chuvas e controlar o excesso de água que pode comprometer a estrutura da cidade durante os períodos de ressacas.
Preocupação global
O aumento do nível do mar não é uma preocupação exclusiva de Niterói ou do estado do Rio de Janeiro. A NASA, em um estudo recente, identificou várias praias e cidades brasileiras que também estão em risco de desaparecer devido ao avanço do mar.
Este fenômeno está ameaçando grandes capitais do litoral brasileiro, como Porto Alegre, e outras áreas costeiras do país. As projeções são alarmantes, e a necessidade de ações concretas para combater esse problema nunca foi tão urgente.
Além do estudo realizado em Niterói, outros estados brasileiros também estão investigando as consequências do avanço do mar em suas áreas costeiras. Em 2017, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) divulgou o Mapa de Risco à Erosão Costeira do Estado de São Paulo.
Esse estudo identificou as faixas de areia e os locais mais vulneráveis à invasão do mar, mostrando que, em muitas áreas do litoral paulista, o risco de erosão e submersão das praias é cada vez mais iminente.
Se o avanço do mar continuar conforme as previsões, milhares de empregos podem ser perdidos e a infraestrutura de muitas cidades pode ser comprometida de forma irreversível.