A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revelou no início deste mês que as exportações de carne bovina para os Estados Unidos podem sofrer uma queda de até 17 mil toneladas. A entidade defende a retomada do diálogo diplomático como caminho para evitar prejuízos maiores.
Isso porque, na mais recente ofensiva de sua política comercial, Donald Trump anunciou novas tarifas sobre uma série de produtos importados, mirando, entre outros países, o Brasil.
As medidas fazem parte de uma estratégia de proteção à indústria norte-americana, mas, na visão da CNA, acendem um alerta para o agronegócio brasileiro. Contudo, especialistas do mercado financeiro seguem otimistas com exportações.
Toneladas de carne bovina do Brasil vão parar de ser exportadas para os EUA
Segundo a CNA, a taxação extra imposta por Washington cria um ambiente de incertezas para os exportadores brasileiros. A carne bovina, que já enfrentava um imposto de 26%, passou a ser tributada em 36% após o aumento anunciado de 10%.
A entidade teme que o impacto direto sobre o custo da carne brasileira reduza sua competitividade, afastando compradores norte-americanos e comprimindo o volume de exportações.
A CNA destaca que o novo cenário ameaça o desempenho do setor em um dos principais mercados do país, que historicamente tem grande peso na pauta do agronegócio nacional.
Apesar disso, o comunicado da Confederação afirma que o órgão ainda evita apoiar medidas retaliatórias e aposta no esgotamento de negociações diplomáticas como etapa indispensável antes de qualquer resposta mais dura.
Analistas do mercado financeiro discordam, e dizem que carne brasileira segue competitiva nos EUA
Por outro lado, analistas do mercado enxergam a situação com mais nuances, e afirmam que o aumento das tarifas não será suficiente para barrar o avanço da carne brasileira nos EUA.
A explicação está na diferença de preços: os estoques norte-americanos estão em níveis historicamente baixos, o que encareceu significativamente a produção local. Isso faz com que, mesmo com tributos mais altos, a carne brasileira continue sendo uma alternativa economicamente viável para o mercado dos EUA.
Dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) mostram que, somente no primeiro trimestre deste ano, as vendas para os Estados Unidos saltaram 67% em valor, somando mais de US$ 550 milhões.
A expectativa é de que as exportações de carne bovina cresçam quase 14% até o fim do ano, impulsionadas pela forte demanda e pela capacidade brasileira de suprir o mercado rapidamente.
Ainda que o alerta da CNA seja legítimo, o cenário desenhado por especialistas sugere que o setor pode seguir avançando, mesmo diante das barreiras.