Presente em cozinhas por todo o Brasil, a colher de pau é vista por muitos como símbolo da tradição culinária caseira. Ela remete à comida feita em casa, ao tempero da infância, à receita da avó.
Porém, esse objeto que atravessa gerações tem gerado controvérsias recentes. O motivo do debate? Os riscos à saúde associados ao seu uso.
Enquanto parte da população defende que, com a higienização correta, ela continua sendo uma boa escolha, especialistas e órgãos reguladores apontam problemas sérios relacionados à segurança alimentar.
Colher de pau não deve mais ser utilizado na cozinha e esse é o motivo
A principal preocupação gira em torno da estrutura do material. Feita de madeira, a colher de pau possui superfície porosa e rugosa, o que dificulta sua limpeza total.
Mesmo quando lavada com água e sabão, a madeira pode reter resíduos de alimentos e umidade em pequenas rachaduras que se formam com o tempo.
Essas fissuras, muitas vezes invisíveis a olho nu, acabam virando um ambiente propício para o crescimento de bactérias e fungos.
Microbiologistas defendem que essas imperfeições facilitam a formação de biofilmes bacterianos, que resistem à limpeza convencional e podem contaminar alimentos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por sua vez, não faz menção direta à colher de pau em suas resoluções, mas suas normas são claras quanto às exigências para utensílios em contato com alimentos: os materiais devem ser lisos, não porosos, resistentes e de fácil higienização.
A madeira, portanto, acaba não se enquadrando nesses critérios.
Em ambientes profissionais, como restaurantes e cozinhas industriais, o uso desse tipo de utensílio é proibido por normas municipais específicas, como acontece em São Paulo.
Quem não abre mão da colher de pau deve redobrar cuidados
Ainda assim, há quem não abra mão da colher de pau em casa. Muitos apontam que o sabor dos alimentos é diferente quando ela é usada, atribuindo à madeira um papel emocional e sensorial na preparação das refeições.
Para esses defensores, o importante é adotar cuidados rigorosos de limpeza e substituir o utensílio ao menor sinal de desgaste.
A recomendação dos especialistas é clara: embora seja possível reduzir riscos com técnicas de higienização específicas — como imersão em solução clorada e secagem completa —, o ideal é optar por alternativas mais seguras.
Utensílios de silicone ou inox cumprem bem as mesmas funções, sem comprometer a saúde. A tradição, nesse caso, talvez precise ceder espaço à segurança.