A NASA, por meio da missão conduzida pelo rover Curiosity, revelou novas evidências sobre a atmosfera primitiva de Marte.
Vale mencionar que a descoberta de grandes depósitos do mineral siderita na cratera Gale aponta que o planeta já teve uma atmosfera rica em dióxido de carbono (CO₂), condição que favoreceria a existência de água líquida e, possivelmente, de vida microbiana.
A pesquisa foi publicada na revista Science no dia 17 de abril de 2025 e reacende o debate sobre a transformação climática marciana.
As amostras de rocha analisadas contêm até 10,5% de siderita, um carbonato de ferro formado a partir da interação entre CO₂, água e minerais. Os dados reforçam a hipótese de que parte significativa do dióxido de carbono da antiga atmosfera marciana foi sequestrada em formações rochosas, contribuindo para a drástica redução da espessura atmosférica observada atualmente.
A análise foi feita em camadas sedimentares formadas há cerca de 3,5 bilhões de anos, período em que Marte era consideravelmente mais úmido.
Ciclo de carbono desequilibrado em Marte
A nova hipótese sugere que Marte possuía um ciclo de carbono desequilibrado, no qual mais CO₂ foi retido nas rochas do que devolvido à atmosfera. Isso difere do que ocorre na Terra, onde o dióxido de carbono é constantemente reciclado por meio de atividades vulcânicas e pela tectônica de placas.
É importante mencionar que a siderita não foi a única descoberta relevante. Depósitos de enxofre puro também foram localizados por acaso em uma região chamada Gediz Vallis, o que indica a presença de processos geoquímicos distintos dos que ocorrem na Terra.
Esses achados, combinados com a presença de minerais como jarosita, gesso, sílica hidratada e argilas, confirmam que Marte passou por transformações ambientais complexas.
Vale mencionar que, segundo estimativas da equipe científica, depósitos semelhantes aos analisados pelo Curiosity podem estar espalhados por outras regiões do planeta vermelho, tendo retido até 36 milibares de CO₂ — quantidade suficiente para alterar significativamente o clima marciano.
Descoberta pode inspirar soluções para o clima na Terra
Além das implicações para o entendimento do passado de Marte, os dados oferecem insights para a Terra. Cientistas estudam formas de aplicar processos semelhantes ao sequestro de carbono marciano em tecnologias que visam mitigar os impactos das mudanças climáticas no nosso planeta.
Outro detalhe importante é que essas descobertas ampliam as possibilidades de futuros estudos sobre a habitabilidade marciana e ajudam a refinar os modelos climáticos aplicados ao sistema solar. Com isso, a exploração espacial continua a desempenhar papel fundamental na compreensão da origem e da evolução dos ambientes planetários.