Uma empresa de biotecnologia surpreendeu a comunidade científica e o público ao anunciar a criação de um animal extinto há mais de 10 mil anos.
A Colossal Biosciences, sediada nos Estados Unidos, afirma ter dado vida novamente ao lobo-terrível, uma criatura pré-histórica nativa da América do Norte.
A notícia gerou entusiasmo e especulações sobre o impacto futuro da engenharia genética na preservação ambiental e na ciência, mas especialistas alertam que ainda é cedo para confirmar a veracidade e a dimensão da conquista.
Empresa revive animal extinto há mais de 10 mil anos
De acordo com a empresa, três filhotes do animal extinto geneticamente modificados nasceram em laboratório no final de 2024 e início de 2025.
Os animais, batizados de Rômulo, Remo e Khaleesi, teriam sido criados a partir de células de lobos modernos, submetidas a um processo de edição genética.
O objetivo foi fazer com que suas características físicas e comportamentais se aproximassem das do extinto Aenocyon dirus, conhecido como lobo-terrível.
Os pesquisadores utilizaram fragmentos de DNA extraídos de fósseis com idades estimadas entre 11,5 mil e 72 mil anos para identificar traços genéticos-chave e editar regiões específicas do genoma de lobos cinzentos.
O procedimento não envolveu clonagem direta ou reconstrução completa do DNA da espécie extinta. Em vez disso, os cientistas editaram genes responsáveis por atributos como estrutura óssea, massa muscular e vocalização.
Os núcleos celulares modificados foram implantados em óvulos, que, por sua vez, foram gestados por cadelas de grande porte.
A técnica utilizada incluiu o uso de EPCs (células progenitoras endoteliais), extraídas do sangue de lobos vivos, o que permitiu um processo menos invasivo e mais controlado.
Qual é o objetivo da empresa e por que é necessário cautela ao afirmar que animal extinto foi recriado?
A Colossal justifica seu trabalho com base na conservação ambiental. A empresa sustenta que a reintrodução de animais extintos pode ajudar a restaurar ecossistemas e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, como no caso do mamute-lanoso, outro foco de seus estudos.
No entanto, apesar do entusiasmo, a comunidade científica adverte que a cautela é essencial.
Isso porque, até o momento, os detalhes técnicos do processo não foram publicados em revistas científicas nem revisados por outros especialistas.
Além disso, a revista Time destacou que os animais criados não são réplicas exatas dos lobos-terríveis extintos, mas híbridos geneticamente modificados, já que o DNA de lobos que ainda vivem foram editados com características da espécie extinta para se aproximar ao máximo da original.
Assim, mais do que uma verdadeira desextinção, o feito pode ser classificado como uma engenharia de aproximação. Resta agora aguardar evidências mais concretas para avaliar o alcance real dessa experiência.