O recente episódio de ataques de peixes em turistas no balneário Praia da Figueira, localizado em Bonito, MS, gerou uma série de questões sobre a segurança nos destinos turísticos e a preservação ambiental.
Bonito, amplamente reconhecida como a “capital nacional do ecoturismo”, vive um dilema onde o encantamento das suas paisagens naturais colide com a necessidade urgente de proteger tanto os visitantes quanto os ecossistemas locais.
A interdição parcial do balneário, anunciada pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), reflete a complexidade dessa situação, que envolve segurança, conservação e, principalmente, o cuidado com os animais.
Problema dos ataques de peixes
Os ataques de peixes aos banhistas no balneário Praia da Figueira começaram a gerar grandes preocupações, principalmente devido ao número crescente de incidentes.
Desde o início do ano, pelo menos 30 turistas buscaram atendimento médico após serem mordidos por peixes, sendo que em um dos casos, uma professora teve parte de seu dedo arrancada por um tambaqui, uma espécie amazônica conhecida por seus dentes fortes.
As mordeduras ocorreram principalmente na área da lagoa artificial, onde os turistas costumam nadar e flutuar, atraídos pela diversidade de peixes. Espécies como pacu, dourado, matrinxã e tambaqui foram introduzidas na lagoa, mas não se esperava que esses animais se tornassem tão agressivos, principalmente porque, em seu habitat natural, os tambaquis se alimentam de vegetação, como sementes e frutos.
Papel do Imasul
Diante da situação, o Imasul interditou inicialmente todo o complexo de lazer do balneário, que inclui trilhas e áreas de atividades em terra. No entanto, após uma revisão da situação, a administração do Praia da Figueira entrou com um pedido de reconsideração e conseguiu a liberação das áreas secas, que não apresentam riscos para os visitantes.
Contudo, a lagoa artificial, onde ocorreram os ataques, permanecerá interditada até que sejam instaladas barreiras físicas e educativas para restringir o acesso dos turistas à água.
A medida de interdição foi uma resposta imediata ao alerta feito pela prefeitura de Bonito, que recebeu informações sobre as mordeduras e encaminhou os casos ao hospital local.
De acordo com o levantamento da prefeitura, mais de 80% dos ataques ocorreram na Praia da Figueira, e a maior parte deles envolveu o tambaqui, que, apesar de ser uma espécie não agressiva por natureza, se comportou de maneira inesperada ao atacar os banhistas.
A prefeitura de Bonito, juntamente com a Fundação de Turismo, acompanha a situação de perto, buscando equilibrar a promoção do turismo com a necessidade de implementar medidas adequadas de segurança.
Lagoa artificial, atração ou perigo?
A lagoa artificial da Praia da Figueira é uma das principais atrações turísticas de Bonito. Localizada próxima ao Rio Formoso, a lagoa foi projetada para replicar uma “praia” em meio à natureza exuberante, permitindo aos visitantes flutuar e observar os peixes em um ambiente controlado.
A instalação de quiosques na água, onde os turistas podem consumir alimentos e bebidas, agrega ao charme do local, mas também aumentou o risco de interação entre os banhistas e os peixes, especialmente em áreas onde a profundidade é rasa e os peixes podem se aproximar facilmente.
O mirante da lagoa oferece uma vista privilegiada do Rio Formoso e de sua vegetação, tornando o ambiente ainda mais atrativo para os turistas. No entanto, a proximidade com os peixes, agora reconhecidos por sua agressividade, tem gerado um ambiente de tensão, onde a segurança dos visitantes não pode ser ignorada.
Impacto para o turismo e a imagem de Bonito
Bonito, um destino de ecoturismo altamente conceituado, vive uma situação delicada. A cidade é conhecida por sua beleza natural e pela diversidade de atividades ao ar livre, como flutuação em rios cristalinos, visitas a cavernas e cachoeiras, e observação da fauna local.
No entanto, o incidente envolvendo os ataques de peixes na Praia da Figueira levanta questões sobre a segurança nos atrativos turísticos e o impacto disso na imagem de Bonito como destino turístico.
A Fundação de Turismo de Bonito tem acompanhado de perto a situação e destaca a importância de adequar as operações do setor turístico às normas ambientais e de segurança.
Com a interdição parcial do balneário, a cidade e os gestores locais têm a responsabilidade de encontrar soluções que garantam tanto a integridade do ecossistema quanto a proteção dos turistas.
A manutenção da Lagoa Artificial fechada até a instalação de barreiras adequadas é uma resposta necessária a essa crise, mas também levanta a questão de como as futuras operações turísticas podem ser repensadas para evitar novos incidentes.