A crença de que o corpo humano renova suas células completamente a cada sete anos é um mito bastante conhecido, mas não tem respaldo científico. Essa teoria surgiu a partir de um estudo de 2005, que indicava uma vida útil média das células humanas de sete a dez anos, com base em uma nova técnica para datá-las.
Entretanto, o corpo humano é formado por uma ampla variedade de células, cada uma com funções e necessidades próprias, e a renovação celular acontece de forma desigual, sem um ciclo sincronizado. Algumas células, como as do revestimento do estômago, se renovam rapidamente, em cerca de 10 dias, para proteger o órgão dos ácidos.
Renovação do corpo
O sistema digestivo, por exemplo, responde por cerca de 12% da renovação celular diária, com o corpo substituindo cerca de 330 bilhões de células a cada 24 horas. A maior parte desse processo ocorre nas células sanguíneas, especialmente nos glóbulos vermelhos, que vivem em média 120 dias e correspondem a 65% do total de células renovadas diariamente.
Em contraste, as células do sistema nervoso central, como os neurônios, não se regeneram espontaneamente, o que torna as lesões no cérebro e na medula espinhal particularmente graves. Alguns neurônios podem durar a vida inteira de uma pessoa, e pesquisas sugerem que, se transplantados, podem perdurar ainda mais.
Juventude e envelhecimento
O processo de renovação celular é muito mais complexo do que se pensa. Um exemplo disso é um estudo publicado na Cell Metabolism, realizado com camundongos, que sugere que o envelhecimento pode ser tanto acelerado quanto revertido. A pesquisa utilizou biomarcadores genéticos, chamados de relógios de metilação de DNA, que medem a velocidade com que as células envelhecem.
Os cientistas descobriram que indivíduos que enfrentaram infecções graves, como a Covid-19, ou que se submeteram a certos tipos de cirurgia, passaram por uma aceleração abrupta no envelhecimento, seguida de uma posterior reversão.