O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de Mato Grosso do Sul divulgou recentemente uma lista alarmante de devedores de licenciamento veicular.
Com mais de 170 mil motoristas inadimplentes, o órgão emitiu um aviso importante: se o valor devido não for pago em até 30 dias, os casos serão encaminhados para inscrição em dívida ativa. A situação é séria e exige atenção dos proprietários de veículos, pois a falta de regularização pode resultar em consequências jurídicas e financeiras graves.
Inadimplemento no licenciamento veicular
O licenciamento veicular é uma obrigação anual para todos os proprietários de veículos, e sua falta de pagamento pode acarretar sérias consequências. No caso de Mato Grosso do Sul, a dívida já acumulada atinge números alarmantes.
O Detran estima que mais de 450 mil veículos ainda estão com o licenciamento irregular, e esses motoristas têm até 30 dias para regularizar a situação antes que os débitos sejam transferidos para a dívida ativa do estado.
A irregularidade no licenciamento pode afetar diretamente a circulação do veículo, além de prejudicar outros serviços relacionados ao automóvel, como a renovação do seguro, o financiamento, e até mesmo a realização de vistorias.
O que está em jogo?
O valor médio da dívida de um devedor com o Detran é de aproximadamente R$ 1.200,00, correspondendo a quatro anos de inadimplência. Quando o débito é de apenas um ano, o valor é de R$ 305,00. Esses valores podem aumentar com a aplicação de juros, multas e correção monetária, tornando o pagamento mais difícil à medida que o tempo passa.
Uma vez que a dívida não é quitada, o Detran pode encaminhá-la para a dívida ativa, o que significa que o caso será registrado oficialmente como uma pendência fiscal. Isso pode resultar em ações judiciais, protestos em cartório e outras medidas coercitivas para forçar o pagamento.
A inscrição na dívida ativa também prejudica a saúde financeira do motorista, comprometendo seu histórico de crédito e dificultando a obtenção de financiamentos futuros.
Dinâmica do licenciamento e do IPVA
Do ponto de vista jurídico e administrativo, o licenciamento veicular e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) estão entre as principais fontes de receita para o estado. O Detran é responsável pela cobrança do licenciamento, enquanto o IPVA é administrado pela Secretaria da Fazenda (Sefaz).
Embora o IPVA seja um imposto devido ao estado, o não pagamento do licenciamento tem consequências diretas na regularidade do veículo, sendo esse o primeiro passo para a cobrança judicial caso a inadimplência persista. Já a falta de pagamento do IPVA pode resultar em multas e juros, além de ser cobrado via inscrição na dívida ativa.
Este processo de cobrança tem ganhado maior atenção com o aumento da morosidade nas ações judiciais. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem incentivado soluções alternativas, como o protesto em cartório, que é uma forma de pressão sobre o devedor, especialmente quando os valores envolvidos são baixos.
Consequências para os devedores
Com a inscrição na dívida ativa, o débito pode ser cobrado judicialmente pela Procuradoria do Estado, que poderá buscar o pagamento por meio de penhoras ou outras medidas legais. Além disso, uma prática crescente tem sido o protesto das dívidas em cartório.
A prefeitura de Campo Grande, por exemplo, tem adotado essa estratégia, limitando o ajuizamento de ações apenas a valores superiores a R$ 3 mil. Isso tem sido uma forma de diminuir a carga processual e acelerar o recebimento das dívidas. O protesto em cartório serve, portanto, como um mecanismo mais rápido e eficaz de cobrança, ao mesmo tempo que visa garantir o cumprimento das obrigações fiscais por parte dos cidadãos.
O Detran tem feito a sua parte, disponibilizando no Portal de Serviços (www.meudetran.ms.gov.br) a emissão da Guia Única de Arrecadação, facilitando o processo de regularização para os motoristas inadimplentes. A plataforma oferece uma maneira simples e acessível para que os proprietários de veículos quitem suas pendências de forma rápida e prática.
Além disso, a orientação é de que o pagamento seja feito o quanto antes, evitando a inscrição na dívida ativa e o aumento do valor devido devido à aplicação de juros e multas. O Detran também alerta que a regularização dos débitos contribui para a segurança no trânsito, já que veículos licenciados estão em conformidade com as normas e exigências do órgão de trânsito.