O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido cada vez mais reconhecido e diagnosticado ao redor do mundo. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), a prevalência de TEA em crianças entre 4 e 8 anos chegou ao índice de 1 a cada 31.
Esse dado representa uma elevação considerável em relação aos anos anteriores, em 2020, era 1 a cada 36, e em 2018, 1 a cada 44. Essa progressão não apenas evidencia o crescimento do número de diagnósticos, como também revela o impacto de uma maior conscientização e aprimoramento dos métodos de detecção.
Entendendo o que é o Transtorno do Espectro Autista
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que interfere na maneira como a criança percebe o mundo, se comunica e interage socialmente. As manifestações variam bastante de uma criança para outra, já que o espectro é amplo e multifacetado.
Algumas crianças apresentam dificuldades evidentes logo nos primeiros anos de vida, enquanto outras só revelam sinais mais sutis, perceptíveis apenas em contextos sociais mais complexos.
Características como padrões de comportamento repetitivos, interesses restritos e barreiras na comunicação verbal e não verbal são comuns, mas não universais. Por isso, o acompanhamento personalizado e multidisciplinar torna-se imprescindível desde o início.
Por que os diagnósticos estão aumentando?
A elevação nos números de crianças diagnosticadas com TEA não significa necessariamente que o transtorno está se tornando mais comum, mas sim que estamos mais aptos a identificá-lo. Esse aumento pode ser atribuído a vários fatores.
O primeiro deles é o avanço nos critérios de diagnóstico, que hoje abrangem um espectro mais amplo de sintomas. Outro fator relevante é a ampliação do conhecimento por parte dos profissionais da saúde, da educação e dos próprios familiares, que passaram a reconhecer sinais mais sutis e buscar avaliação especializada mais cedo.
Além disso, campanhas de informação e sensibilização têm contribuído para diminuir o estigma, facilitando o acesso ao diagnóstico e às terapias.
O impacto do diagnóstico nas famílias
O momento do diagnóstico costuma ser emocionalmente intenso para os pais e responsáveis. Muitas famílias relatam sentimentos de medo, insegurança e frustração. A revelação de que seu filho tem autismo gera dúvidas sobre o futuro, a qualidade de vida e as possibilidades de desenvolvimento.
A falta de informações claras, o excesso de opiniões na internet e o desconhecimento sobre onde buscar ajuda confiável tornam esse período ainda mais desafiador. Para algumas mães, como relata Ingrid Monte, o diagnóstico foi como um “abismo”, revelando não só a complexidade do transtorno, mas também o despreparo social e institucional para lidar com o autismo.
Intervenção precoce
O diagnóstico precoce e a intervenção imediata são fundamentais para o desenvolvimento de crianças com TEA. Durante a primeira infância, o cérebro humano possui elevada neuroplasticidade, a capacidade de se moldar, criar novas conexões e se adaptar.
Por isso, quando a criança recebe estímulos adequados, é possível minimizar os impactos do transtorno e promover um progresso significativo em diversas áreas. De acordo com estudos da área, intervenções iniciadas ainda na infância podem melhorar em até 40% as funções cognitivas e adaptativas das crianças com TEA.
Isso inclui habilidades como comunicação, socialização e autonomia no dia a dia.
As terapias mais indicadas para crianças com TEA
Dentre os modelos terapêuticos recomendados, destaca-se a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), uma metodologia reconhecida internacionalmente por sua eficácia. A ABA utiliza reforços positivos e estratégias individualizadas para ensinar comportamentos funcionais e reduzir comportamentos prejudiciais.
Outras intervenções importantes incluem a Fonoaudiologia, que trabalha aspectos da comunicação e linguagem; e a Terapia Ocupacional, que atua nas habilidades motoras, sensoriais e de independência funcional. Quando combinadas, essas abordagens produzem resultados mais abrangentes e duradouros.
O papel essencial da abordagem multidisciplinar
A complexidade do TEA exige que o tratamento não seja conduzido de forma isolada. Por isso, uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de diferentes especialidades, é considerada a forma mais eficaz de promover o desenvolvimento pleno da criança.
Quando psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, educadores e neurologistas trabalham de forma integrada, os progressos são mais rápidos. Além disso, esse tipo de atendimento permite que os objetivos terapêuticos sejam alinhados com a rotina familiar, potencializando os resultados.
Como escolher uma clínica ou centro de apoio de confiança
Diante da variedade de serviços e profissionais disponíveis, é fundamental que os pais façam escolhas criteriosas ao buscar suporte para seus filhos. A primeira coisa a ser observada é se a instituição adota práticas baseadas em evidências científicas.
O envolvimento da família também é indispensável, clínicas que oferecem orientação parental costumam apresentar melhores resultados, já que a aplicação das técnicas no dia a dia da criança é tão importante quanto a atuação clínica.
A equipe deve ser formada por profissionais qualificados e com experiência em desenvolvimento infantil, além de oferecer flexibilidade para se adaptar à rotina familiar.
O desafio da informação em tempos de internet
O crescente interesse pelo tema é visível também no ambiente digital. Termos como “autismo” e “autismo e TDAH” são buscados milhares de vezes por mês, o que mostra a preocupação crescente das famílias com o desenvolvimento infantil.
Contudo, nem toda informação disponível na internet é confiável ou atualizada. Por isso, é fundamental buscar fontes seguras, profissionais especializados e conteúdos produzidos por instituições reconhecidas na área da saúde e educação.