O coletivo é a palavra de ordem. Juntos para se aquilombar. Se no passado, os quilombos eram locais de refúgio de africanos escravizados e afrodescendentes contra a opressão, atualmente, o conceito vem ganhando ressignificações, para simbolizar o que nos é muito caro: o autocuidado e o protagonismo de nossas próprias vidas.
Daí porque, o termo aquilombar está associado à criação de espaços coletivos de pertencimento, afetividade, acolhimento, sociabilidade, fortalecimento de laços, de memórias e de identidade cultural para a população negra. É uma tecnologia social de organização que nos permite questionar padrões vigentes, resgatar memórias silenciadas de nossos ancestrais, para a construção de novas bases sociais que sejam mais justas e inclusivas de forma estratégica.
É com este propósito que lideranças negras do Grupo Mulheres do Brasil em Juiz de Fora estão organizando a primeira edição da Feira Preta, que será realizada no próximo sábado, dia 19, das 9h às 15h, no Espaço Cidade, antiga sede da Prefeitura no Parque Halfeld. “Vamos ocupar a Casa Grande”, celebra a advogada, líder do Comitê de Igualdade Racial, Carina Dantas (foto).
Mais do que uma iniciativa para comercialização de artigos, como roupas, acessórios, artesanato, objetos de decoração, alimentos e brinquedos que remetem à identidade do povo preto, o evento é a celebração da potência negra como grande força geradora de riqueza, inclusive cultural. Não por menos, a primeira edição da feira também será marcada pelo lançamento de livro da escritora Ana Paula Torquato, assim como por exposição de obras de arte e apresentação de grupos musicais.
Aberta ao público e com entrada gratuita, a Feira Preta tem a parceria da Funalfa, Unegro, Sintufejuf, Paula Cupcake e o apoio de diversos movimentos negros. “Tenho muito que agradecer também aos voluntários e às voluntárias que estão conosco para fazer esse evento acontecer. Sozinhas, podemos muito pouco. É a coletividade que move, que tem potencial para mudar tudo realmente”, finaliza Carina, na expectativa de que essa seja apenas a primeira edição de muitas outras iniciativas, para que o aquilombar se torne uma prática rotineira de celebração da diversidade racial.