20 apresentar 20×2 álbuns de 1991 – Parte 6

Por Júlio Black

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Oi, gente.

Chegamos à sexta parte de nossa série com os álbuns clássicos de 1991, que é tão bom, mas tão bom, que ampliamos os 20 grandes discos de 1988 a 1990, resgatados entre 2018 e 2020, para nada menos que 40 em 2021. Este mês, relembramos o ápice criativo do U2; o álbum que colocou a dupla eletrônica KLF no mapa; o indie-rock do Dinosaur Jr.; o estouro indie-dance do EMF; e a artilharia verbal de Ice-T.

Para quem só pegou o bonde agora, já relembramos nos meses anteriores clássicos do Nirvana, my bloody valentine, R.E.M., Teenage Fanclub e Smashing Pumpkins, entre outros. Até novembro, relembraremos outros dez grandes álbuns que completam três décadas de vida este ano, e que merecem ser revisitados pelos mais velhos e descobertos pelos lobisomens juvenis.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

U2, “Achtung baby”
Lá vamos nós escrever novamente sobre “Achtung baby”. Em 2016, numa resumida série sobre os grandes álbuns de 1991, celebramos “Loveless”, do my bloody valentine, “Babdwagonesque”, do Teenage Fanclub _ que já foram igualmente lembrados na série atual -, além do sétimo álbum do U2, até hoje o melhor trabalho do quarteto irlandês. Bono, The Edge, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton fizeram do U2 a maior banda de rock do mundo com o lançamento de “The Joshua Tree” (1987), até hoje o maior sucesso comercial do grupo, mas derraparam na própria pretensão e megalomania com o trabalho seguinte, “Rattle and Hum” (1988). Em busca de uma nova direção musical, os marmanjos ocuparam o mítico Hansa Studios, na Berlim pós-queda do muro, em 1990, com os produtores Brian Eno e Daniel Lanois e quase acabaram com a banda por causa de diferenças musicais. Mas aí surgiu “One”, as coisas começaram a fazer sentido, todo mundo foi para Dublin, na Irlanda, a fim de continuar as gravações, e o resto é história. Com influências de rock alternativo, EDM (Electronic Dance Music) e música alternativa, “Achtung baby” foi o ápice criativo do U2, graças a músicas como “The fly”, “Zoo Station”, “Until the end of the world”, “Mysterious ways”, “Ultra Violet (Light my way)”, “Even better than the real thing” e a já citada “One”.

The KLF, “The White Room”
Quem sintoniza a MTV em 2021 e se depara com o lixo audiovisual de “Acapulco Shore” pode até não acreditar, mas há 30 anos a emissora era o principal meio para termos contato com boa parte do que havia de novo e original na música. Foi assim que tomamos contato com o videoclipe de “3 a.m. Eternal”, do KLF, um dos vários projetos dos britânicos Bill Drummond e Jimmy Cauty (The Justified Ancients of MuMu, The Timelords). O sucesso foi tão grande que a música conseguiu superar até a barreira da estupidez comercial das FMs comerciais brasileiras. “The White Room” seria a trilha sonora de um filme que acabou não acontecendo, e boa parte das composições entrou no álbum, um clássico da EDM, acid house e outros subgêneros musicais. Além da já citada “3 a.m. Eternal”, o disco trazia músicas como “Last train to Trancentral”, “What time is love?”, “Justified and ancient” e a faixa-título. Por razões que a própria razão desconhece, “The White Room” não tem sua versão original no streaming; no lugar, temos uma “Director’s cut” com versões diferentes, músicas que fariam parte da trilha sonora e algumas faixas ficaram de fora. Para quem quiser ouvir o álbum como ele foi lançado em 1991, é possível encontrá-lo no YouTube.

Dinosaur Jr., “Green mind”
O quarto disco do Dinosaur Jr. foi o primeiro por uma grande gravadora, a Sire, e também o primeiro trabalho sem a participação do baixista Lou Barlow, que havia sido expulso dois anos antes e foi tocar seu outro projeto, o Sebadoh. Por isso, apesar de levar o nome da banda, é quase um álbum solo do vocalista e guitarrista J. Mascis, que tocou a maior parte dos instrumentos em quase todas as faixas. Apesar de todas as tretas, “Green mind” é um dos melhores trabalhos do Dinosaur Jr., com as características marcantes da banda: os vocais peculiares de Mascis, a pegada indie-pop-rock das composições e solos de guitarra que fazem o ouvinte que não manja os paranauês virtuosísticos de J. Mascis perguntar “mas pode isso no indie rock, Arnaldo?”. Na contabilidade final, o trabalho é uma prévia dos maiores sucessos comerciais do Dinosaur Jr., “Where you been” (1993) e “Without a sound” (1994), graças a músicas como “The wagon”, “Water”, “Blowing it”, “Puke and cry” e a faixa-título.

EMF, “Schubert dip”
Outro nome descoberto pelos brasileiros graças à MTV, que passava sem parar o videoclipe de “Unbelievable”, o EMF (iniciais de Epsom Mad Funkers) foi uma das inúmeras bandas inglesas jogadas no balaio de gatos da chamada cena Madchester, de artistas que misturavam acid house, rock, indie music e substâncias proibidas (ecstasy, LSD) para fazer um negócio que chamavam de indie-dance. O álbum de estreia do grupo chegou ao terceiro lugar nas paradas inglesas, e 12º nos Estados Unidos. Por aqui, não chegou a vender tanto, mas o sucesso nas rádios garantiu a banda e o Jesus Jones no Hollywood Rock de 1993, quando descobrimos que os tecladistas de indie-dance mais colocavam os teclados para chacoalhar do que efetivamente tocavam. Observações pitorescas à parte, “Schubert dip” tinha um bom par de canções que justificavam o hype na época. Além de “Unbelievable”, o disco merece ser lembrado por “I believe”, “Children”, “Long summer days” e “Lies”. O EMF gravou outros dois álbuns antes de acabar, em 1997, e chegou a retomar as atividades em três ocasiões, porém sem lançar novos discos. O que ficou, porém, vale a pena ser ouvido.

Ice-T, “O. G. Original Gangster”
Muita gente deve conhecer Ice-T como o policial Tutuola de “Law & Order: SVU”, mas o sujeito ganhou notoriedade ainda nos anos 80 como um dos mais agressivos nomes do emergente gangsta rap _ além da banda de heavy metal Body Count, que tinha entre suas músicas a polêmica “Cop killer” (“Matador de policiais”). Há 15 anos sem lançar material, o rapper tem em “O. G. Original Gangster” o trabalho mais lembrado e celebrado entre fãs e crítica. Com um time de produtores turbinando o trabalho, o quarto álbum de Ice-T oferece um panorama dos Estados Unidos do início dos anos 90 – em especial da população negra, vítima de racismo, ignorada pelos políticos, enfrentando a pobreza, desemprego, o vício das drogas e outras mazelas. Claro, o rapper não deixa de mostrar seu lado marrento, então a “thug life” de quem se mete com drogas, prostitutas e gangues também marca presença em boa parte de suas 24 músicas, entre elas “Home of the body bag”, a faixa-título, “New Jack hustler (Nino’s theme)” e a cacetada metal de “Body count”.

Júlio Black

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