20 apresentar 20×2 álbuns de 1991 – Parte 7

Por Júlio Black

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Oi, gente.

Chegamos à sétima parte de nossa série (ampliada) sobre os álbuns de 1991, o grande ano da música no século passado. Neste mês, relembramos os discos lançados há três décadas por Primal Scream, Electronic, Primus, Siouxsie and The Banshees e Pixies. Para quem chegou atrasado, já celebramos nos capítulos anteriores clássicos de artistas como Massive Attack, The Orb, Public Enemy, Beat Happening, Teenage Fanclub e U2, e encerraremos a série em novembro – mas será difícil escolher apenas cinco nomes para fechar a lista.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Primal Scream, “Screamadelica”
O terceiro álbum da banda escocesa foi um salto gigantesco em relação ao que o grupo comandado por Bobby Gillespie vinha fazendo até então, e até hoje é celebrado como um dos maiores e mais inovadores discos de rock já gravados pela humanidade. E com toda razão, é preciso dizer. A verdade é que “Screamadelica” transcende o tempo, espaço, música, arte, mente, corpo, alma, física quântica e o diabo a quatro. Com produção do DJ Andrew Watherhall – mais pitacos de uma turma que incluía a dupla The Orb -, o álbum é um delírio psicodélico criado a partir do rock, reggae, dance, acid house, música gospel, dub, dance-rock e a quase inclassificável Madchester, movido a LSD e substâncias que poderiam ter saído do laboratório do Walter White. Entre as influências citadas por Gillespie para criar as canções estão os álbuns “Pet sounds”, dos Beach Boys, e “The Marble Index”, da cantora Nico, além do reggae jamaicano dos anos 70 e a cena de acid house inglesa. É dessa mistura absolutamente incomum que saíram clássicos como “Movin’ on up”, “Higher than the Sun”, “Come together”, “Don’t fight it, feel it” (com vocais de Denise Johnson), “Sleep inside this house” e “Loaded” – na verdade, uma nova versão para a música “I’m losing more than I’ll ever have”, do álbum anterior. Dançante, viajante e psicodélico, “Screamadelica” é um daqueles momentos musicais perfeitos que raramente se repetem.

Siouxsie and The Banshees, “Superstition”
O décimo álbum de Siouxsie and The Banshees foi o maior sucesso do grupo inglês nos Estados Unidos, com o single “Kiss them for me” tendo alcançado a 23ª posição na lista da revista “Billboard” – o disco chegou à 65ª posição. Um dos motivos do sucesso do single e álbum foi a participação do músico inglês de ascendência indiana Talvin Singh, que também aparece em “Silver waterfalls”, outro destaque do trabalho. Cada vez mais distante da sonoridade que fez da banda um dos ícones do chamado rock gótico, o Siouxsie and The Banshees também fez bonito em músicas como “Fear (of the unknown)”, “Drifter”, “Softly”, “Cry” e “Shadowtime”.

Electronic, “Electronic”
O duo Electronic surgiu da insatisfação de dois dos principais nomes da música inglesa nos anos 80. Bernard Sumner, do New Order, não conseguia emplacar suas ideias com os demais membros da banda, e o guitarrista Johnny Marr vinha da traumática separação dos Smiths. Como os dois queriam ampliar os horizontes musicais, começaram a trabalhar juntos por volta de 1988, e já no ano seguinte lançaram o maravilhoso single “Getting away with it”, com a participação de Neil Tennant, do Pet Shop Boys. Como a parceria estava rendendo, partiram para a produção do primeiro álbum do Electronic, que conquistou crítica e público com sua mistura de guitarras, sintetizadores e batidas eletrônicas. Tennant, assim como seu parceiro de PSB, Chris Lowe, deram uma força à dupla no novo projeto, que além de “Getting away…” tinha como destaques “Get the message”, “Idiot country”, “The patience of a saint”, “Tighten up” e “Feel every beat”. Independente do rótulo (synthpop, alternative rock, alternative dance, dance rock), “Electronic” é um senhor disco, com Sumner e Marr inspiradíssimos em estúdio.

Pixies, “Trompe le monde”
Por mais de duas décadas, “Trompe le monde” foi o último álbum dos Pixies – e segue sendo o derradeiro trabalho a contar com a formação clássica (Black Francis, Kim Deal, David Lovering e Joey Santiago) em estúdio. O grupo se separou em 1993 e voltou à atividade no início dos anos 2000, mas Deal já havia deixado a banda quando gravaram “Indie Cindy”, em 2014. Novamente produzido por Gil Norton, o quarto disco do grupo de Boston é o clássico “não se mexe em time que está mandando aquele 7 a 1 musical”, com os Pixies mantendo o perfeito equilíbrio entre rock, pop, punk e indie que conquistou corações como o de Kurt Cobain. Basta ouvir a faixa-título, “Planet of Sound”, “Alec Eiffel”, “U-Mass”, “Letter to Memphis”, “The sad punk”, “Subbacultcha” e “Space (I believe in)”, entre outras, para ter certeza que poucas bandas conseguiram, até hoje, lançar uma sequência de quatro álbuns tão espetaculares.

Primus, “Sailing the seas of cheese”
Dentre os grupos de rock que surgiram entre o final dos anos 80 e início da década de 90, o Primus certamente é o que parece ter a maior influência do imortal Frank Zappa, seja pelas experimentações/pirações musicais ou pelo senso de humor de algumas canções. “Sailing the seas of cheese”, seu segundo álbum, é prova do virtuosismo musical do trio então formado pelo baixista e vocalista Les Claypool, o guitarrista Larry LaLonde e o baterista Tim “Herb” Alexander. Com produção da própria banda, o disco navega (tum-dum-tss) entre o rock progressivo, o funk metal e o metal alternativo, com um andamento musical que provoca estranheza – alguns diriam “que esquisito” – para ouvidos desacostumados a embarcar (tum-dum-tss²) em busca de novos oceanos musicais (juro que agora eu parei). Ao mesmo tempo, é impossível ouvir músicas como “Jerry was a race car driver”, “American life”, “Tommy The Cat” e “Those damned Blue-Collar tweekers” e não ver valor nas viagens do Primus.

Aviso aos navegantes

E tem nova playlist na área! Como gostamos de ser legais com os ah migos e ah migas que acompanham a coluna, criamos uma playlist com todos os álbuns – menos o do De La Soul, que não tem em lugar nenhum – da nossa série com os grandes discos lançados há 30 anos, iniciada em 2018. Tá lá no Spotify, é só curtir e seguir.

Júlio Black

Júlio Black

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