“Inumanos” e “The gifted”: quanto vale o show?

Por Júlio Black

Oi, gente.

A vida já anda tão difícil com tantas séries por aí inspiradas em , e a Marvel e DC chegam com mais uma sacolada de novas produções para aumentar a nossa angústia, visto que o fã que se preza faz questão de acompanhar tudo – ainda que seja impossível, pelo menos no meu caso. Mas a gente vai lá e tenta, então acompanhamos os primeiros episódios de duas das séries que já pintaram na área, “Inumanos” e “The gifted”, inspiradas em personagens da Marvel.

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Aos comentários, então, começando por “Inumanos”. A ideia inicial da Marvel era levar os personagens criados por Stan Lee e Jack Kirby direto para o cinema, dentro da iniciativa da Casa das Ideias de fazer dos Inumanos os “novos X-Men” devido ao fato dos mutantes terem os direitos audiovisuais presos à Fox – o que já fez a editora deixar a turma do gene X de lado nos quadrinhos em detrimento da galera de Attilan, mas a iniciativa não deu certo.

Mas aí houve uma mudança de planos – e o filme dos Inumanos, programado para 2019 ou 2020, virou uma série para a TV a ser lançada ainda este ano, com direito aos dois primeiros episódios lançados no cinema no formato IMAX. A galera ficou ouriçada, imaginando que “Inumanos” seria o “‘Game of Thrones’ da Marvel”, só que as primeiras fotos e os primeiros trailers deixaram todo mundo desconfiando, as primeiras críticas foram nada animadoras, e…

Três episódios depois, podemos dizer que tem muito potencial desperdiçado ali. Não é ruim no sentido de ser uma porcaria, mas não faz a gente esperar pelo próximo episódio como num “Demolidor”, por exemplo. A premissa é interessante, pois mostra os Inumanos em Attilan divididos entre se manter ocultos da humanidade, como pretende o líder Raio Negro, ou ocupar o espaço no planeta que acredita ser de direito da espécie, caso do irmão Maximus, que articula um golpe que resulta na tomada do poder e o êxodo forçado de Raio Negro, Medusa, Gorgon, Karnak e Cristalys na Terra.

A série tem alguns pontos positivos, como as boas atuações de Anson Mount como Raio Negro e Iwan Rheon (o Ramsay Bolton de “GoT”) no papel de Maximus; a simpatia (pouco explorada) de Dentinho, o cão teleportador da Família Real; o visual exuberante do Havaí, onde se passa a história na Terra; os efeitos especiais que não comprometem; a austeridade arquitetônica de Attilan, que ajuda a tornar uma civilização na Lua mais crível; e os recursos visuais utilizados para mostrar como Karnak analisa o ambiente e seus adversários.

Por outro lado, o roteiro é muito raso. Ao invés de desenvolver a trama de intriga e traição por alguns episódios, “Inumanos” deixa as motivações de Maximus muito vagas e já muda o status quo de Attilan de forma muito rápida e rasteira, sem questionamentos por parte do povo; os diálogos são pobres; a atuação de Serinda Swan como Medusa está meio tom acima do diapasão, e os outros membros da Família Real acabam apagados com um texto tão fraco; os figurinos são franciscanos de dar dó, exceção feita ao do Raio Negro; e a forma como Karnak “perde” sua capacidade de analisar o ambiente e inimigos é de uma estupidez atroz.

Numa escala que vai de zero a cinco Dentinhos babando em nosso rosto, “Inumanos” fica com dois, mas com potencial para três.

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Melhor sorte teve “The gifted”, segunda série da Fox dentro do universo X-Men. A produção não indica em qual período a história se passa, mas o que sabemos é que os mutantes não vivem um bom momento. Pelo que entendemos nos dois primeiros episódios, um pico de energia super poderoso matou um monte de gente e colocou os possuidores do gene X em maus lençóis, com o governo americano criando leis que permitem a prisão de mutantes que provoquem qualquer tipo de destruição ou atividades consideradas criminosas (e são muitas). Para piorar, os X-Men estão desaparecidos, assim como a Irmandade de Mutantes.

É nesse universo atribulado que dois irmãos descobrem seus poderes e precisam fugir com os pais para não serem presos. Eles recebem a ajuda de um grupo conhecido como Resistência Mutante, formado por personagens criados especialmente para a TV e outros já conhecidos dos quadrinhos, como Pássaro Trovejante, Polaris e Blink – que já havia aparecido no cinema em “Dias de um futuro esquecido”, mas interpretada por outra atriz.

Apesar de não ser muito fã das séries no clima “O fugitivo”, “The gifted” tem muito potencial para agradar à galera, apesar de não ter o clima cult-moderninho-hipster-Wes Anderson de “Legion”. O elenco não compromete, a motivação da história é boa, os efeitos especiais agradam, e mesmo que não tenhamos os robôs Sentinelas na telinha (eles são substituídos por mini aranhas robóticas, uma solução esperta para caber no orçamento), a produção tem uma história promissora. Se existe algo a criticar, é a eterna incapacidade da Fox de criar uma continuidade integrada e decente tanto no cinema quanto na TV. Apesar de anunciarem que tudo se passa em um mesmo universo, não há coerência alguma entre os eventos, ao contrário do que a Marvel faz tão bem utilizando mídias tão distintas.

Numa escala de zero a cinco Wolverines desaparecidos, “The gifted” leva três, com potencial para quatro.

E vamos nos preparar para mais, muito mais, pois “Justiceiro” chega na Netflix em 17 de novembro e não demora para termos “Manto e Adaga”, “Fugitivos” e “Jovens Titãs”. Haja tempo.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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