‘Halo’: não conhecemos o game, mas adoramos a série

Por Júlio Black

Oi, gente.

A ah miga leitora e o ah migo leitor que são gamers, nerds ou geeks certamente conhecem a chamada “maldição dos games”, que raramente ganham boas adaptações para o audiovisual – principalmente quando falamos de cinema. Pois a primeira temporada de “Halo”, exibida pelo Paramount+, é uma ótima exceção – pelo menos para quem nunca jogou um dos mais populares games do Xbox, como é o meu caso, apesar de ter um console do modelo 360 há quase dez anos. Só conhecia a franquia, basicamente, pelas imagens que via nas caixas de alguns modelos, e, como sempre fui péssimo nesse tipo de jogo, nunca me importei em saber qual era a história.

E foi bom assistir à série sem maiores expectativas, uma vez que mantive minha completa e total ignorância sobre qual o rolê de “Halo”: com exceção do trailer e de um podcast que comentava justamente essa prévia, o game continuou um completo estranho para mim. Dessa forma, pouco importava se o tal Master Chief apareceria sem capacete, se a trama da produção seria fiel à dos jogos, se as naves e uniformes seriam iguais. “Halo” é um game de tiro em primeira pessoa? É preciso cumprir missões, coletar armas, o inimigo é o Covenant? Não sei, não quero saber, o lance era saber se a série, por si só, valeria a pena.

Pois bem: para quem nunca deu um tiro com Master Chief, “Halo” é uma senhora série de ficção científica, e fãs de sci-fi que por acaso tenham lido “A Guerra do Velho” e “Tropas Estelares” têm tudo para curtir a produção. A trama se passa no século XXVI, quando a humanidade colonizou uma série de planetas. E tudo poderia estar numa boa se não fosse o Covenant, uma aliança religiosa-militar de várias espécies alienígenas dedicada a exterminar a raça humana, que procura os artefatos que mostrariam a localização de um negócio chamado Halo, que daria aos aliens os meios para cumprir seu objetivo.

A fim de tentar reverter a desvantagem, nossa espécie criou os Spartans, um grupo de elite militar composto por supersoldados com habilidades físicas aprimoradas, trajes de combate e armamentos especiais, e que receberam chips para inibir as emoções. O mais conhecido deles é John-117, o Master Chief (Pablo Schreiber) – que, assim como os outros Spartans, foi treinado para combate desde a infância. Não demora muito, entretanto, para percebermos que há algo muito podre nessa história. O próprio Master Chief vai descobrindo aos poucos como ferraram seu passado, ao mesmo tempo em que tenta descobrir o que leva o Covenant a querer tanto os artefatos. Ao mesmo tempo, a cientista-chefe do programa Spartan, Catherine Halsey (Natascha McElhone), não é flor que se cheire e se mostra como a grande vilã da história, não só pelo seu envolvimento no passado de John-117, mas também porque tem planos nada louváveis caso encontre o Halo antes dos aliens.

Com nove episódios em sua primeira temporada, a adaptação de “Halo” tem tudo para agradar a quem conhece nada do videogame, com uma história bem construída, mitologia interessante, ótimos efeitos especiais – se bem que o orçamento parece ter ficado apertado no último episódio – e cenas de ação de primeira (o season finale, com o combate que mescla a visão em terceira e primeira pessoas, é espetacular).

Em alguns momentos, a série parece criar uma pequena barriga, mas nada que estrague a experiência de quem foi apresentado ao universo de “Halo” graças à produção. Quanto aos fãs de longa data do game, esperamos que também tenham ficado felizes, mesmo que o Master Chief passe a maior parte da temporada sem capacete.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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