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O que os quadrinhos e os filmes (ainda) podem dizer sobre nossas vidas

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Oi, gente.

A mudança continua rendendo assunto para mais de metro, e não só pelo que ainda falta desencaixotar, arrumar. É o fato de ficar dias sem TV por assinatura, telefone, internet de banda larga, xingar a incompetência das empresas brasileiras que sequer sabem oferecer seus serviços ou contratar funcionários minimamente inteligentes. A solução? Procurar revistas, livros e DVDs nas incontáveis pilhas de caixas de papelão.

Foi assim que comecei a ler “Daytripper”, dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, publicada pela Vertigo entre 2009 e 2010 e que comprei em uma dessas Black Fraudes de final de ano. A história tem muito a ver com a minha atual fase: acostumar-se a uma nova casa, com pequenas e grandes decisões sendo tomadas e um herdeiro a caminho. Basicamente, sobre os rumos que nossas vidas podem tomar e os efeitos resultantes de cada decisão.

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“Daytripper” tem como personagem principal Brás de Oliveira Domingos, filho de um famoso escritor e que nasceu quando todas as possibilidades estavam contra ele. O rapaz escreve obituários para um jornal enquanto busca deslanchar como romancista, o problema é encontrar sua “voz” de escritor. Cada capítulo é dedicado a um momento da vida de Brás: pode ser durante a infância, o dia em que conheceu a mulher de sua vida, quando parte em busca do amigo ausente, o nascimento do próprio filho. Quase todas as histórias têm o mesmo fim, mas que continuam a surpreender em seus desfechos e deixam um nó mais que apertado na garganta.

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Além de imprimir um ritmo que não fica a dever aos melhores romances, “Daytripper” é marcante pela arte sensacional dos gêmeos paulistas e por nos fazer refletir sobre a vida, as decisões que nos fizeram chegar até aqui e ser o que somos, e o que poderia ter acontecido – ou deixado de acontecer – se atitudes aparentemente tão corriqueiras fossem minimamente diferentes.

Posso dizer, ao ler as mais de 200 páginas da história, que estou feliz por ter chegado até aqui, apesar de todos os erros, tristezas e decepções. Não poderia haver destino melhor.

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Mas a lista não poderia ser completa sem o livro/filme “Alta fidelidade”. Domingo, após filar os playoffs da NFL na casa do meu amigo/ermitão Marcelo, chego em casa e descubro que a Leitora Mais Crítica da Coluna estava assistindo ao longa dirigido por Stephen Frears, e lá fui eu reassistir às desventuras de Rob Gordon (Fleming no livro de Nick Hornby) até o final. “Alta fidelidade” é igual a “Feitiço do tempo”, é o tipo de filme que você para para assistir se está passando na TV, nem que seja o final ou por dez minutos antes de sair.

E mais: “Alta fidelidade” é um dos Cinco Melhores filmes de Todos os Tempos. De Todos os Tempos. Todos. Ponto. Poucas histórias conseguem retratar com tanta… fidelidade o universo de “gente como a gente”, e não existe personagem com quem eu consiga me identificar mais que Rob Fleming (ou Gordon): o sujeito que é apaixonado por música pop, que tem amigos tão insanamente dedicados ao cancioneiro pop quanto ele, que comete as maiores burradas nos relacionamentos, e no fundo quer ser feliz ao lado de alguém sem ter que machucar – pelo menos de forma intencional – outras pessoas por causa disso.

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De todos os grandes momentos de “Alta fidelidade”, nenhum consegue superar aquele em que Rob enfim toma consciência de que é com Laura que ele deseja passar o resto de seus dias, e que toda a excitação que possíveis novos relacionamentos, eventuais noites com um novo par, são irrelevantes quando se tem a felicidade de ter aquela que se ama todos os dias e noites, por mais desgastantes que os relacionamentos possam ser. A cena em que Rob pede Laura em casamento – com os argumentos dele para fazer o pedido -, deveria estar na lista de melhores cenas de todos os tempos da história do cinema e ser vista e revista por todos os casais de todos os planetas do universo. Simples assim.

Acho que deu para perceber que tenho passado por dias interessantes.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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