Elas fazem quadrinhos e tocam o terror

Por Júlio Black

Capa_teste-Dóris Capa_teste Carla Capa_teste-Antonio
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Oi, gente.

“Gibi de menininha” é um projeto da incansável Germana Viana que já comentamos em duas ocasiões, sendo uma delas a segunda edição da antologia (“O faroeste é mais embaixo”) e, depois, a edição derivada “Gibi de menininha apresenta: Patrícia”, com histórias que misturam terror, sobrenatural, suspense, safadeza, drama e humor criadas por quadrinistas mulheres de todo o país. Pois agora recebemos nada menos que três novos títulos de “Gibi de menininha apresenta”: “Dóris”, “Carla” e “Antônio”, a reafirmação de que as artistas brasileiras fazem ótimos quadrinhos e sabem tocar o terror.

“Dóris” é uma história de ambição, traição, obsessão, vingança e loucura. O protagonista é Rene, que está prestes a se tornar sócio da empresa onde trabalha. Ele tem um caso com outra funcionária do escritório, Dóris, que lhe passa a perna e rouba o projeto que tornaria o sujeito sócio na empresa – quem ganha o upgrade é a moça. Tomado pelo ódio após ser traído pela amante, ele decide se vingar de Dóris, mas sua obsessão descamba para a loucura quando ele passa a ter uma mosca (!) como aliada em seus planos.

“Carla” é escrita por Clarice França e ilustrada por Kátia Schittine, e apresenta uma história que lembra aqueles filmes de terror em que um objeto é o causador dos eventos que ameaçam os personagens. No caso, a protagonista da revista, Carla, vai morar sozinha e ganha um espelho da mãe – da qual nunca foi próxima – com um aviso: “Não deixe o espelho descoberto”. Não demora para a jovem começar a ter pesadelos que parecem estar ligados a esse presente de grego, que aos poucos vai se partindo e levando a personagem à beira da insanidade.

O terceiro e último título da lista tem uma trama parecida com a de “Carla”. Com roteiro de Camila Suzuki e ilustrada por Fabiana Signorini, “Antônio” tem como personagem principal Alessandra, que passa a morar sozinha a fim de viver em liberdade e poder amar quem ela quiser. Ao se mudar, a jovem descobre que, além da mobília, o antigo proprietário – que morreu e era escultor – deixou mais do que a mobília para trás, incluindo uma imagem em madeira de Santo Antônio. Logo após descobrir o objeto, Alessandra sofre um acidente – cujo ferimento é curado misteriosamente – e passa a ter pesadelos. Acreditando que existe algo de sobrenatural na história, ela decide tentar entrar em contato com o espírito do falecido, e as consequências são inesperadas e surpreendentes.

Ilustradas em preto e branco e com apenas 20 páginas cada uma, as três edições de “Gibi de menininha apresenta” reforçam o argumento de que os quadrinhos nacionais merecem há tempos maior espaço, e, principalmente, que as mulheres ganham cada vez mais o merecido reconhecimento na área. As três histórias do spin-off apresentam roteiros que cumprem a missão de ter que desenvolver suas tramas com tão poucas páginas, e as ilustrações – salvo uma ou outra escorregada em proporção, cenários e anatomia – também valem a grana da turma que apoiou a campanha de crowdfunding que permitiu o lançamento das revistas.

Quem se interessar pelas publicações, pode procurar pelas artistas e a idealizadora do projeto no Instagram: @sombrasdorecife, @danetaaranha, @claricecomce, @camayuszka, @katiaschittine, @fabianasignorini e @germana_fazgibi.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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