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Gavião Arqueiro e Miss Marvel? Nós gostamos!

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Oi, gente.

A Panini teve uma boa – ainda que tardia – ideia: publicar encadernados de alguns títulos da Nova Marvel que estavam saindo nas revistas de linha da editora, com papel de boa qualidade, capa dura, coisa fina mesmo. É possível encontrar histórias interessantes, como os três títulos dos Vingadores escritos por Rick Remender e Jonathan Hickman, e outras que não fazem falta, como a fase dos X-Men sob responsabilidade de Brian Michael Bendis. Mas vamos falar de dois encadernados que chegaram às bancas antes do carnaval e que mereceram nossa completa e devotada atenção durante os dias de Momo: Gavião Arqueiro, com “Minha vida como uma arma”, e Miss Marvel, estrela de “Nada normal”.

Quando comecei a ler quadrinhos, durante a Revolução Francesa, três personagens que integravam os Vingadores eram absolutamente insuportáveis para minha pessoa: Magnum, Vespa e Gavião Arqueiro. Mas a minha relação de ódio e desprezo com este último começou a mudar com sua participação nos filmes da Marvel, e Clint Barton definitivamente se tornou um cara legal lá pelo final de 2012, início de 2013, quando a Casa das Ideias entregou a nova série do personagem para Matt Fraction (roteiro) e David Aja (desenhos). “Gavião Arqueiro” era simplesmente a revista mais legal lançada pela Marvel em muito tempo.

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O motivo principal é que “Hawkeye” (titulo original) foge dos clichês do gênero. Clint Barton mora numa espelunca em Nova York e, apesar de ser um Vingador, não tem vida fácil nas primeiras cinco edições: passa semanas num hospital após despencar de um prédio; precisa enfrentar a gangue russa que veste agasalhos esportivos; tem uma relação complicada com Kate Bishop, a Gaviã Arqueira; salva Sortudo, o cachorro comedor de pizza, dos russos de agasalho esportivo, assim como uma guria que nunca tinha visto da vida; e vai parar em Madripoor, onde precisa recuperar uma fita comprometedora roubada da S.H.I.EL.D. e é roubado dentro de um táxi.

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Matt Fraction mostra em “Gavião Arqueiro” porque é um dos melhores escritores de quadrinhos da atualidade, tornando mais do que interessante, humano e tridimensional um personagem que não costuma ser dos mais lembrados pelos fãs. Mas as tiradas irônicas, sarcásticas, as histórias e personagens incomuns não seriam os mesmos sem os desenhos de David Aja – substituído em algumas ocasiões por Javier Pulido -, que o sensei Del Guiducci tão bem comparou ao David Mazzucchelli de “Batman – Ano Um”. E o mais legal de tudo é saber que as próximas edições serão tão boas, no mínimo, quanto às do primeiro encadernado.

Já a coletânea da Miss Marvel foi comprada muito mais por um exercício de curiosidade e teimosia. Cheguei a estar com ela em mãos no mesmo dia em que comprei a do Gavião Arqueiro, mas mudei de ideia e devolvi à prateleira. Mas aí mudei de ideia de novo, e, no dia seguinte, fui à banca e comprei enfim o meu exemplar, pois uma rápida pesquisa na internet mostrou que a revista recebeu uma carroça e meia de elogios e é vista como integrante da onda de heroínas ligadas aos novos tempos, mais confiantes, independentes e sem todo aquele machismo inerente à Nona Arte.

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Ao final da leitura, a constatação: “Miss Marvel” é dos quadrinhos mais legais que li nos últimos meses. Não vai revolucionar coisa nenhuma, mas é leve, rápido e divertido de ler, daquelas séries que você termina um capítulo e fica muito a fim de partir para o seguinte. Tem o tipo de história que ajuda os mais jovens a tomarem gosto pelas HQs, ainda mais que as meninas podem se identificar facilmente com Kamala Khan, a filha de paquistaneses que mora em New Jersey e ganha seus poderes quando a tal Bomba Terrígena é liberada, fazendo um monte de Inumanos surgirem na Terra.

Méritos mil para o roteirista G. Willow Wilson, hábil em colocar no papel todos os dilemas típicos de uma adolescente de 16 anos, que muitas vezes costuma se sentir como uma estranha no ninho, quase uma alienígena – ainda mais quando sé é mulher, muçulmana nos EUA pós-11 de setembro e tendo acabado de ganhar superpoderes. Os traços de Adrian Alphona – o oposto completo daquele traço exagerado dos anos 90, com heroínas siliconizadas – tornam “Nada normal” ainda mais interessante para quem está saturado dos clichês que muitas vezes povoam as HQs.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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