20 apresentar 20×2 álbuns de 1991 – parte 8

Por Júlio Black

coluna rhcp coluna de la soul coluna lenny kravitz coluna metallica coluna cypress hill
<
>

Oi, gente.

Chegamos à oitava e última parte da série com 40 grandes álbuns lançados em 1991, que consideramos o grande ano da música no século passado – é tanta coisa boa que relembrar apenas 20 seria uma injustiça sem tamanho.

Se nos episódios anteriores relembramos os trabalhos de artistas como Teenage Fanclub, my bloody valentine, U2, Soundgarden, Saint Etienne, R.E.M., Sepultura, Beat Happening, Nirvana, Primal Scream, Pixies, The KLF, Smashing Pumpkins, Public Enemy, Seal e Massive Attack, entre tantos outros, o encerramento da série traz direto do túnel do tempo os álbuns essenciais do Red Hot Chili Peppers, De La Soul, Lenny Kravitz, Metallica e Cypress Hill.

Ano que vem tem mais, mas por enquanto a ah miga leitora e o ah migo leitor não podem reclamar que não há o que ouvir, pois 1991 deixou um senhor legado musical.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Red Hot Chili Peppers, “Blood Sugar Sex Magik”
Assim como o R.E.M., o Red Hot Chili Peppers teve que ralar bastante antes de alcançar o sucesso – e com o adicional da morte de seu guitarrista e membro fundador, Hillel Slovak, por overdose de heroína, em 1988. No ano seguinte, a banda lançou “Mother’s Milk”, que chamou a atenção para o grupo californiano, mas foi apenas com “Blood Sugar Sex Magik”, seu quinto disco, que eles conquistaram o mundo: foram nada menos que 13 milhões de cópias vendidas, contra pouco mais de um milhão do antecessor. Lançado no mesmo dia que “Nevermind”, do Nirvana, o trabalho marcou a estreia do quarteto na Warner Bros. e a primeira parceria com o produtor Rick Rubin, que tinha no currículo Beastie Boys, Slayer, Run DMC e Danzig. Gravado na mansão em que viveu o ilusionista Harry Houdini, “Blood Sugar…” foi um daqueles momentos mágicos em que tudo dá certo, com a banda criando clássicos como “Give it away”, “Under the bridge”, “Breaking the girl” e “Suck my kiss”, entre outras, com letras sobre sexo, morte, dependência química, relacionamentos e uma homenagem a Slovak em “My lovely man”.

De La Soul, “De La Soul is dead”
Os integrantes do De La Soul anunciaram há poucos meses que os primeiros álbuns do trio finalmente chegariam às plataformas de streaming, após vencerem um processo para reaverem as masters dos discos. Pois já estamos aguardando com o coração aveludado, pois isso quer dizer que finalmente teremos como ouvir “De La Soul is dead” sem a necessidade de recorrer a sites corsários ou playlists no YouTube. O segundo trabalho de Posdnuos, Tugroy e Maseo foi lançado com a responsa federal de igualar o álbum de estreia, o fenomenal “3 feet high and rising” (1989), mas infelizmente não alcançou o mesmo sucesso. O motivo é que os três integrantes estavam mais que incomodados com a alcunha de “hippies do rap” que haviam recebido por causa das letras otimistas e good vibes que fizeram o grupo alcançar o sucesso. Para não ficarem presos ao rótulo, eles mandaram a mensagem tanto no título do disco quanto na sua capa, em que o vaso quebrado com as três margaridas murchas já avisava ao ouvinte: a “era das margaridas” (“D.A.I.S.Y. Age”, acrônimo de “da inner sound, y’all”, ou o “o som interior, pessoal”) acabou. Com o mesmo produtor de “3 feet…” (Paul Prince), “De La Soul is dead” é o tipo de álbum que Adele certamente diria que é preciso ouvir do início ao fim. Ele começa com um personagem encontrando uma fita cassete do trio no lixo; em seguida, ele apanha de alguns valentões, que roubam a fitinha e passam a criticar as músicas entre uma faixa e outra, até o álbum terminar com o cassete novamente no lixo ao som de “De La Soul is dead” (“De La Soul está morto”). Pois só mesmo na ficção para dizer que o trabalho é ruim, afinal é nele que encontramos pérolas como “Millie pulled a pistol on Santa/Keepin’ the Faith”, “A roller skating jam named Saturdays”, “Afro connections at a Hi-5 (In the eyes of Hoodlum)”, “Let, let me in” e “Pass the plugs”.

Lenny Kravitz, “Mama said”
“Let love rule” (1989), seu álbum de estreia, já havia mostrado o potencial de Lenny Kravitz para criar ótimas canções a partir do rock, soul e outras bossas dos anos 70 e, principalmente, da década de 60. E “Mama said” foi mais um passo adiante na carreira do artista norte-americano, em um disco que parece ter sido transportado até 1991 em uma máquina do tempo. Entre tantos acertos, o álbum teve como principais sucessos a balada “It ain’t over ‘til it’s over” e o rock “Always on the run”, parceria com Slash. Mas não era só isso: “Mama said” ainda tem “Fields of Joy”, “Stand by my woman” e “All I ever wanted”, co-escrita com Sean Lennon.

Metallica, “Metallica”
Também conhecido como “The black album”, o quinto disco do Metallica marcou uma mudança radical – e bem-sucedida comercialmente – no som da banda, até então um dos gigantes do universo do thrash metal ao lado do Slayer e Testament. Já dava para perceber que o jogo havia mudado pela capa: ao invés das ilustrações remetendo à morte e coisas do gênero, ela era preta a ponto de mal conseguir se distinguir o nome da banda e a reprodução da famosa cobra da Bandeira de Gadsden. E o que se ouvia no CD, vinil ou cassete (que tenho até hoje) era uma banda que deixara o metal de lado para apostar num rock ainda pesado, porém mais melódico, “simples” e comercial. As letras de James Hatfield tratavam, principalmente, de temas mais pessoais, e daí que saíram sucessos estrondosos como “Enter Sandman”, “The unforgiven”, “Nothing else matters” e “Sad but true”. Com inesperada produção de Bob Rock, que havia trabalhado com o grupo de hard rock farofa Mötley Crue, “Metallica” é até hoje o maior sucesso comercial da banda, com pelo menos 30 milhões de cópias vendidas em todo mundo. Até a sua tia deve conhecer – e gostar – de alguma música do disco, e isso não é demérito algum para o Metallica.

Cypress Hill, “Cypress Hill”
O Cypress Hill é mais conhecido no Brasil por causa de “Insane in the brain”, do álbum “Black Sunday” (1991), mas para chegarmos lá é preciso conhecer a estreia do trio de hip-hop formado por Sen Dog, B-Real e DJ Muggs, produtor do primeiro disco do grupo. Além de ajudar na penetração de artistas latinos no universo do rap e hip-hop, “Cypress Hill” ganhou notoriedade por suas músicas ligadas à maconha, mas nem por isso dá para dizer que se trata de mero “rap de maconheiro” – até porque há espaço para descer a lenha na polícia -, pois de nada adiantaria ser polêmico se a música fosse uma porcaria. Basta lembrar as dezenas de clones de Planet Hemp que surgiram por aqui e não vingaram. Se for para listar algumas faixas de “Cypress Hill”, podemos destacar “Head on the pump”, “How I could just kill a man”, “Stoned is the way of the walk”, “Light another” e “Psycobetabuckdown”.

(Como somos legais com os ah migos leitores e ah migas leitoras da coluna, criamos uma playlista com todos os álbuns da nossa, série, desde2018. Basta acrescentar à sua biblioiteca no Spotify e curtir essa viagem musical pelo passado)

Júlio Black

Júlio Black

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também