O pé de porco é ingrediente comum nas feijoadas, ainda que nas versões “light” da receita esse item desapareça da panela junto com o rabinho, orelha e outras partes suínas para as quais os clientes gourmet torcem o focinho, digo, o nariz, porque o focinho também é bem-vindo na feijoada clássica.
Mas no caso em questão, quando o pé de porco ganha a condição de protagonista no cardápio, ele é preparado sem o feijão, num cozimento lento em que vale usar a panela de pressão, e aí ganha os temperos dos cozinheiros mais experientes para que, ao final, esteja saboroso, com a carne macia quase desprendendo dos ossos, facilitando a vida de quem vai degustar o petisco servido junto a um espesso caldo, muitas vezes acrescido de tomates para garantir uma cor agradável e acompanhado de farinha ou um pãozinho francês para “limpar o prato” no final de tudo.
Na versão oferecida pelo Zé Orlando, na segunda-feira, em seu botequim do Bairro Progresso, ele é exatamente assim, chegando à mesa “espalmado”, numa versão do corte do pezinho em que ele fica aberto facilitando ainda mais o nosso “trabalho” ao apreciar o petisco. Ganha a companhia, na panela, de orelha e focinho de porco, outros cortes um tanto sumidos das panelas das cozinhas dos botecos de JF. Todos são ótimos e valem a pena, pois são saborosos e, ainda melhor na hora de pagar: o preço é honesto e justíssimo.
Vale pedir uma cerveja, daquelas chamadas “canela de pedreiro” que saem dos vários freezers que ocupam o espaço, que é cheio de mesas grandes para acomodar os clientes que sempre vão em grupo ou em família para o bar. Um balcão com banquetas atende aos solitários ou aos que estão de passagem rápida pelo botequim. O lugar é de uma simplicidade cativante, tudo é muito agradável e o atendimento é rápido e cortês: antes mesmo que meu petisco tivesse acabado no prato, já me ofereceram mais uma baixela de “caldo para comer com pãozinho”. Parecem que leem pensamentos por lá também!
E assim foi minha última segunda-feira, acompanhado do Marco, filho do Antônio do Bar do Antônio e apreciador de uma boa comida de buteco, junto com o Rafael da Radici Pizzeria, outro apreciador da boa gastronomia e com a resenha ainda mais interessante com a chegada do Filipe Russo, que além de especialista em suinocultura é o guardião da raça de Porco Piau.
Mesa completa, com gente que entende e gosta de boa comida, e em plena segunda- feira! Só um pé de porco no capricho para juntar tanta gente boa! Agora é a sua vez de reunir os amigos e família e partir para o Bairro Progresso, na próxima segunda-feira, para aproveitar o cardápio deste autêntico buteco de JF!
Rua Humberto Valério, Nº 19 no Bairro Progresso