Ícone do site Tribuna de Minas

Ricardinho opina

ricardinho opina
PUBLICIDADE

Sempre que um novo assunto surge a dominar o noticiário, lá vem Ricardinho, pronto para emitir opiniões sobre a questão em voga. Não importa o tema, ele sempre tem algo a dizer. Ricardinho é essa pessoa: aquela que sempre tem o que dizer.
Se o assunto é naufrágio de submarino, lá vai Ricardinho à Wikipedia, acompanhado de um pratinho de azeitonas, investigar a diferença entre submarinos civis e militares, convencionais e nucleares, sonares passivos e ativos, fuselagens e sistemas de pressurização. Pesquisa feita, leva o pratinho vazio à cozinha, volta ao computador, vai às redes sociais e senta o dedo no teclado:
– A culpa dessa tragédia é bla bla bla bla bla.
Ricardinho também é essa pessoa: a que encontra um culpado para tudo.
E se o assunto é mais frívolo, digamos, o romance entre Taylor Swift e certo jogador de futebol americano, lá vai Ricardinho, pratinho de pão de queijo ao lado, levantar a ficha corrida de romances tanto da cantora quanto do atleta, para depois se manifestar, seguro da inquestionável relevância de seu arbítrio:
– Isso não pode dar certo, porque dada a experiência Bündchen-Brady bla bla bla bla bla.
E aí devolve o prato à cozinha e aguarda as reações a sua ponderação indispensável.
Se o papo é guerra no Oriente Médio, ora, lá vai Ricardinho tentar descobrir quem é o bom e quem é mau – porque Ricardinho também é essa pessoa para quem a vida na Terra se divide entre bem e mal.
Aí, pizza dormida requentada num pratinho de louça azul, vai caçar no Google as diferenças entre sionismo e semitismo, as razões históricas da diáspora árabe e o que mais puder pesquisar rapidinho, não para tentar entender o mundo, mas antes para poder digitar sem demora, dedos engordurados e furiosos, seu imperioso veredicto:
– Essa gente tinha que saber onde estava se metendo quando bla bla bla bla bla.
E tecla e tecla e tecla sobre qualquer assunto a qualquer hora do dia ou da noite, caudalosas opiniões não requisitadas em jorro contínuo.
E a pia lá, cheinha de louça, esperando seu dia.

Sair da versão mobile