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Bem-vindos os embriagados

kante
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Acabou a Copa. E se uma coisa os engravatados da Fifa souberam fazer ao desenvolver o sistema de disputas, foi tirar o Mundial da gente aos poucos. Assim, sem muito trauma. Desmamando. Como quem trata um viciado.

Porque a Copa começa com uma intensidade feroz, vertiginosa, dias e mais dias de jogos, estádios lindos, públicos lindos, gramados lindos, futebol lindo, tudo brilha, e mesmo aqueles que não ligam muito para o esporte bretão, nesses tempos, pegam-se comentando os três gols de Cristiano e o tento salvador de Toni Kroos.

Os tibungos gramáticos de Neymar.

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Então, de repente, depois de duas semanas de louca euforia, ocorre um dia sem jogos na Copa. Trememos. E depois, dois dias sem Copa. E então mais dois dias. Assim vamos sendo tratados, por obra e graça dos doutores da Fifa.

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Controla-se a abstinência. Diminuem os calafrios. Já começamos a pensar novamente em bolsominions. Cirão da Massa. Segue o Líder e adjacências.

França campeã, alguns esquecerão de vez aqueles dias de temulência e retomarão suas rotinas. Os apaixonados continuarão torcendo por seus clubes, mais uma dose, é claro que eu tô a fim. Os indiferentes seguirão alheios ao Brasileirão, à Libertadores, à Copa do Brasil, ao Tupi, ao Baeta, à apresentação de Vinícius Junior no Real Madrid. Limpos há não sei quantos dias.

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Seguem caretões.

Outros, todavia, antes abstêmios, foram fisgados. Não deveriam ter experimentado. Agora, chumbados por aquela aleatória paixão disparada em roleta russa, verão no futebol, qualquer futebol, a oportunidade do êxtase.

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E engrossarão as fileiras, as nossas fileiras, dos ébrios que encontram no ludopédio pequenas e constantes explosões de prazer.

Que sejam bem-vindos em nossa embriaguez.

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