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Ex-Pedro

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Chegou ansioso ao cartório Pedro.

– Aqui, vim mudar meu nome.

– Como é que é?

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– Vim mudar meu nome.

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– Calma aí, minha filh… meu fi…, quer dizer… você. Calma aí. Não é assim não, uai. “Vim mudar meu nome”…

– Tenho um papel do juiz aqui, ó.

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– Ah, tem? Deixa eu ver isso aqui… Aham… Hmm… É mesmo. Você pode mudar seu nome.

– Não falei?

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– E que nome será agora?

– Quero chamar isso aqui.

E estava lá num papelzinho: Pedrx.

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– É isso que você quer chamar?

– Não é apenas um modo de chamar. É a manifestação de uma luta pela neutralidade de gênero, pela quebra dos paradigmas patriarcais, opressores e segregadores que afrontam a igualdade e suprimem as identidades sexualmente divergentes do establishment.

– Entendo. Mas como você vai pronunciar isso?

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– Como assim “como você vai pronunciar isso”, moço? Que pergunta é essa?

– Pronunciar, uai. Como você vai falar seu nome?

– Com a boca, lindo! Que…

– Não, veja… quando alguém for te chamar na rua, na sua casa… Tipo… vai ser Pedréx? Ou vai ser Pedrx (o tabelião cospe perdigotos sem querer) mesmo?

– Não, ué, vai ser… ah… vai ser… hmm… ah, não sei. Ai, Jesus… o que é que eu faço?

– Você é muito apegado… digo, apegada… digo… quer dizer, você liga se a gente tentar outra opção?

– Tipo…?

E saiu feliz do cartório ex-Pedro, agora Juraci.

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