Classificada atualmente como o maior polo moveleiro do estado de Minas Gerais e o quarto maior do Brasil, a microrregião de Ubá é marcada pela forte influência desta atividade na geração de renda e emprego (a atividade responde por 26% dos empregos formais diretos na região, sem mencionar os indiretos e os informais). Entretanto, segundo o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), Michel Henrique Pires, atualmente, as empresas deste polo enfrentam diversos gargalos, como falta de matéria-prima na região, dificuldades para escoar a produção, falta de mão de obra qualificada e altos custos com energia elétrica.
O polo moveleiro de Ubá se beneficia da proximidade com as cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, que estão entre os principais mercados consumidores do país. Em termos de mercado externo, tem-se que o valor das exportações da microrregião, para o período de 2003 a 2014, cresceu aproximadamente 251%. Desde 2006, o principal destino das exportações tem sido os países africanos, em especial Angola, que em 2014 consumiu cerca de 77% das exportações, de acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Entretanto, nos últimos dois anos (especialmente em função do dólar barato), houve redução no volume de exportação da indústria, bem como do número de empregos diretos gerados pelo setor. Diante da atual alta no dólar, que torna as mercadorias produzidas em reais mais baratas, uma maior inserção do polo moveleiro de Ubá no comércio exterior pode representar uma alternativa para impulsionar a produção local. Para se ter uma ideia do potencial de exportação da região, atualmente e de acordo com o presidente do Intersind, apenas 0,5% da produção é exportada.
Esta inserção no mercado externo pode proporcionar maior competitividade ao polo e alavancar as empresas da microrregião por meio da inserção em novos mercados. A intensificação das exportações pode, ainda, impulsionar a modernização da estrutura produtiva local e aumentar seu nível de competitividade em relação aos demais aglomerados moveleiros nacionais. A criação dos grupos Movexport (associação de exportação que congrega nove empresas fabricantes de móveis em Ubá e Região), em 2001, e do consórcio exportador Minas Furniture, em 2003, são ações que vão ao encontro de tais expectativas.
Do poder público, o que se espera nesse contexto são políticas capazes de suprimir os gargalos de infraestrutura da região e promover condições (desembaraços) para que as exportações aconteçam em maior escala. Exportar a qualidade dos móveis do polo é olhar para além das fronteiras e enxergar uma alternativa de crescimento local, regional e nacional.
Por Fernando S. Perobelli, Vinícius A. Vale, Inácio F. Araújo Junior, Naiara Santos e Lara Leite
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