A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês de abril com uma alta de 0,31%. O índice, que acumula alta de 2,37% em 2021 e 6,76% em doze meses, é responsável por captar a variação de preços de produtos e serviços consumidos por famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos em diversas regiões do país.
Dentre as altas, destaca-se o resultado do grupo saúde e cuidados pessoais (1,19%), após o aumento expressivo dos produtos farmacêuticos (2,69%). O valor foi obtido após a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) autorizar reajustes de até 10,08% no preço dos medicamentos no último dia 1º de abril. O reajuste, no entanto, poderá ser suspenso por um projeto de lei já aprovado pelo Senado e em discussão na Câmara dos Deputados, que analisa o impacto dos novos valores diante do contexto pandêmico e os consequentes custos adicionais que seriam enfrentados pelo SUS.
A variação do grupo alimentação e bebidas (0,40%), por sua vez, se deu pela alta de itens como o leite longa vida (2,40%), o frango em pedaços (1,95%), o tomate (5,46%) e as carnes (1,01%) – item que, sozinho, acumulou alta de 35,03% nos últimos 12 meses. Seguiram também pressionados o grupo artigos de residência (0,57%), puxado pelas altas dos itens de mobiliário (1,10%) e consertos e manutenção (1,01%) e o grupo vestuário (0,47%), puxado pelo aumento das joias e bijuterias (1,78%).
Apesar das altas, o IPCA de abril registrou uma desaceleração em comparação com o mês de março (quando o índice atingiu 0,93%). Esse comportamento mais moderado pode ser explicado pela menor variação nos preços do grupo habitação (0,22%, após a alta de 0,81%) e pelo recuo do grupo transportes (queda de 0,08%, após a alta de 3,81%).
Para o resultado de habitação, houve um aumento menos expressivo do gás de botijão (1,15%, frente aos 4,98% registrados em março) e queda no preço da energia elétrica (-0,04%), enquanto o resultado dos transportes foi influenciado pela queda de 0,94% no preço dos combustíveis. Os demais grupos ficaram compreendidos entre o aumento de 0,01% de despesas pessoais e de 0,08% do grupo comunicação.
No geral, a inflação acima da meta pode ser explicada, dentre outros fatores, pelo repasse da depreciação do real para os preços de bens comercializáveis e pela elevação dos preços de commodities internacionais como o petróleo. A trajetória do aumento de preços está, sem dúvidas, incomodando muitos brasileiros ao encarecer bens essenciais como remédios e alimentos.
O contexto de pandemia, por sua vez, agrava o impacto desses efeitos inflacionários, em um cenário no qual mais da metade da população vive a insegurança alimentar. O momento é de atenção para a política monetária, que deve ditar os próximos passos para desacelerar esse fantasma que é a inflação.