Não é novidade que a alta dos preços vem afetando fortemente a vida da população brasileira. Em junho de 2022, segundo o IBGE, a inflação chegou a 0,67%. Este valor foi impulsionado pelo aumento no grupo de alimentos e bebidas, que foi responsável por 21,26% do IPCA. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação chegou a 11,89%.
O aumento desenfreado dos preços afeta diversas áreas e serviços da economia, mas, para a maioria dos brasileiros, a alta pode ser notada de forma mais salgada na própria mesa. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2022, a cesta básica sofreu com aumentos em todas as capitais analisadas pela pesquisa.
De maneira geral, o valor da cesta básica entre junho de 2021 e junho de 2022 aumentou de forma assustadora, variando de 13,34% a 26,54% dependendo da região. Entre os principais aumentos de junho de 2022, estão: São Paulo, que chegou ao custo de R$777,01, seguido por Florianópolis (R$760,41) e Porto Alegre (R$754,19). Para a capital mineira, a cesta básica de junho de 2022 ficou em R$648,77.
Ao se comparar o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, com o desconto de 7,5% da Previdência Social, observa-se que o trabalhador consumiu em junho de 2022, em média, 59,98% do seu rendimento para adquirir produtos da cesta básica. Além disso, se considerarmos o mesmo período de 2019 (pré-pandemia), o custo era de 47,90%.
Além das comparações com a cesta básica, o Dieese realizou um levantamento dos custos básicos de uma família de 4 integrantes, considerando gastos com moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Com isso, seria necessário o salário mínimo ideal de R$ 6.527,67 para a manutenção de uma família, ou 5,39 vezes o salário mínimo de R$ 1.212,00.
Fica nítido que as elevações da inflação têm afetado diversos setores, mas têm exercido maior pressão, principalmente, em produtos básicos, como alimentação, saúde e transportes. Estes setores sofrem com as incertezas políticas e econômicas internas e com problemas externos – como a guerra da Ucrânia, por exemplo – que deixam o custo de vida do brasileiro cada vez mais caro.