A inflação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em janeiro foi de 0,25%. Apesar de ter ficado 0,04 pontos percentuais acima do observado em janeiro de 2020, ficou bem abaixo do resultado obtido no último mês de dezembro (1,35%). A principal razão para o comportamento do índice foi a diminuição de 5,6% no preço da energia elétrica que, em dezembro, estava sob o efeito da bandeira vermelha (onde os consumidores sofrem um acréscimo de R$ 6,243 por cada quilowatt-hora consumido) e, em janeiro, foi alterada para a bandeira amarela (onde o acréscimo é de R$ 1,343), diminuindo o custo da tarifa em cerca de 4,6 vezes.
Dentre os resultados observados, apenas dois grupos apresentaram deflação. A habitação apresentou uma queda de 1,07%. Na contramão do recuo das tarifas de energia, um dos fatores que acabaram atenuando a queda do grupo foi o aumento do preço do gás de botijão, que já apresentava uma variação positiva pelo oitavo mês consecutivo e atingiu uma alta de 3,19%. Além da habitação, o grupo vestuário apresentou uma redução de 0,07%.
Já para os grupos que sofreram variação positiva nos preços, as maiores participações foram os itens de alimentação e bebidas, artigos de residência e transportes, que geraram um impacto de 1,02%, 0,86% e 0,41%, respectivamente. Os maiores resultados foram decorrentes da alta no preço da cebola (17,58%) e tomate (4,89%), que haviam apresentado deflação, mas voltaram a apresentar uma alta de preços durante o mês de referência.
Além disso, os preços dos combustíveis (2,13%) e automóveis novos (1,31%) também encareceram, enquanto o preço das passagens aéreas contribuiu para reduzir o impacto da inflação no grupo de transportes – o mesmo havia subido 28,05% em dezembro e registrou uma queda de 19,93% em janeiro. Já nos artigos de residência, as principais justificativas para o aumento de preços estiveram no encarecimento dos itens de mobiliário (1,48%), eletrodomésticos e equipamentos (1,58%) e artigos de cama, mesa e banho (1,27%).
A variação observada acabou sendo menor que o esperado pelo Relatório Focus, do Banco Central, que projetou, em 5 de fevereiro, um aumento de 0,30% na inflação. Ao que tudo indica, o fim do auxílio emergencial mostrou seus efeitos na contenção do consumo e na consequente redução da inflação registrada em todos os grupos do IPCA, enquanto a alta nas commodities agrícolas pressionou o preço dos alimentos: tais fatores vêm prejudicando duplamente o bolso das famílias de menor renda.
Enquanto isso, as projeções para a inflação também ficam condicionadas a outras variáveis. O viés de alta se dá por conta dos desafios na sustentabilidade fiscal do governo em um ano ainda marcado pelos efeitos da pandemia e pelas consequências do endividamento contraído em 2020. Já o viés de baixa se dá por um processo de vacinação mais lento que o esperado e o surgimento das novas variantes do vírus: fatores estes que podem atenuar a recuperação da atividade econômica e conter a subida de preços via queda no consumo.