A pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que comércios e empreendimentos pausassem ou até mesmo encerrassem suas atividades, impactando negativamente no nível de emprego – segundo dados da PNAD Contínua divulgada pelo IBGE, a taxa de desemprego atingiu seu nível recorde no Brasil, 14,6%, no terceiro trimestre de 2020, correspondendo a mais de 1,3 milhão de pessoas que entraram na fila em busca de um trabalho. Contudo, mesmo com o nível recorde registrado, a luz no fim do túnel parece voltar a brilhar.
O observado é que, com a reabertura progressiva das atividades comerciais ao longo do país e a flexibilização das restrições, adicionada com a progressiva retomada da confiança por parte dos contratantes, a expectativa é de que o desemprego volte a cair. O PIB do terceiro trimestre, por exemplo, exemplifica isso ao apresentar o crescimento de 7,7% na comparação com o trimestre anterior (IBGE). A Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também evidencia a recuperação do emprego em diversos setores a partir de julho, ou seja, após o relaxamento das medidas restritivas de distanciamento social. A carta mostra ainda que as informações sobre o setor formal revelam uma recuperação nas admissões em quase todos os setores a partir de junho, e uma diminuição nos desligamentos na maior parte desses setores.
O setor de construção, por exemplo, vem apresentando saldos positivos desde junho e, em outubro, o saldo correspondeu a 36.296 admissões segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O único grande agrupamento de atividades que demorou a apresentar uma tendência positiva foi o de serviços, contudo, a atividade já indica recuperação desde agosto.
Dessa forma, os dados põem à luz um movimento de recuperação em processo inicial e deve ser analisado sempre levando em consideração o nível de desemprego nos patamares pré-crise. Porém, ainda restaria saber qual será o impacto do atual aumento do número de casos e de mortes provocados pelo coronavírus na implementação de novas medidas mais restritivas por parte dos governos.
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