O agronegócio brasileiro tem sido reconhecido por seu significativo impacto na cadeia alimentar global, sendo um dos principais exportadores de commodities agrícolas, como o café e o açúcar. Sua força pode ser percebida durante a pandemia de Covid-19, quando suas exportações evitaram uma queda ainda maior do PIB brasileiro, contribuindo para maior influxo de moeda estrangeira no país.
O Brasil possui posição privilegiada no ranking mundial dos países exportadores de soja, açúcar, carne, carne de frango e suco de laranja. De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a soja em grãos liderou as vendas externas do país em 2022, com receita de US$ 46,6 bilhões, um aumento de 20,8% em relação a 2021. Em segundo lugar, ficou o milho, que teve a maior variação entre os itens exportados (196,6%), alcançando US$ 12,1 bilhões. Completam a lista dos cinco primeiros produtos exportados, a carne bovina in natura (US$11,8 bilhões), o farelo de soja (US$ 10,3 bilhões) e o açúcar de cana em bruto (US$ 9,5 bilhões). Os principais destinos das exportações nacionais são China, União Europeia e Estados Unidos.
Nos últimos meses, apesar da queda na representatividade do PIB – de 26,1% em 2021 para 24,8% em 2022 -, o agronegócio brasileiro continua mostrando sua força, especialmente no que diz respeito à balança comercial, que registrou um saldo positivo impulsionado pela crescente exportação de produtos do setor.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA), o agronegócio registrou, em fevereiro de 2023, um superávit de US$ 8,56 bilhões na balança comercial do Brasil, compensando o déficit de 5,73% observado nos demais setores. No acumulado de doze meses, o saldo comercial do agronegócio foi de US$ 141,96 bilhões, impulsionado pela expansão das exportações do setor. Esse aumento pode ser atribuído, em parte, à manutenção de um câmbio mais desvalorizado ao longo de 2022, o que tornou as commodities nacionais mais competitivas no mercado internacional.
Os ganhos comerciais agrícolas do Brasil se devem, também, à manutenção, desde 2020, de preços internacionais mais altos para as commodities, com destaque para o mercado de grãos. Os baixos estoques globais, associados a choques de restrição à oferta (pandemia, guerra e eventos climáticos adversos) elevaram os preços dos produtos agrícolas.
Enfim, mesmo em um cenário mundial economicamente mais frágil, diante de eventos infortúnios, como o período pandêmico e a Guerra na Ucrânia, o agronegócio brasileiro conseguiu mostrar sua potência e relevância para a economia do país, auxiliando o sustento das contas nacionais através dos saldos da balança comercial, além de trabalhar na direção de uma maior segurança alimentar internamente.
Por Thiago Gouvea, Kariny Costa, Lucas Leão e Weslem Faria