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A crise não é para todos

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Uma palavra bastante repetida nos últimos tempos é “crise”. Diante do difícil momento econômico do país, as perspectivas para o ano de 2016 não são as melhores. Segundo a última pesquisa semanal realizada pelo Banco Central, a expectativa de inflação (IPCA) para o ano de 2016 chegou a 7,57%. Além disso, a Organização Mundial do Trabalho (OIT), em seu relatório sobre empregabilidade divulgado em janeiro, estimou que aproximadamente um em cada cinco novos desempregados do mundo virá do Brasil entre 2016 e 2017. Alta dos preços e menos dinheiro no bolso estão levando os brasileiros a reduzir cada vez mais as compras. Com isso, o comércio é bastante atingido e muitos estabelecimentos estão fechando suas portas. Segundo dados divulgados pelo IBGE, houve queda nas vendas de 4,3% no último ano e fechamento de quase cem mil lojas em todo o país.

Cada região, entretanto, reage de forma diferente a essa crise. Diversos fatores determinam em quais atividades cada uma delas irá se especializar e, consequentemente, condicionam a sua reação à conjuntura econômica nacional. Esses fatores estão relacionados, principalmente, à distribuição dos recursos naturais, custos de transportes, acesso aos fatores produtivos e custo de aquisição de matérias-primas. Por isso, apesar do aumento no nível do desemprego no último ano, não são todas as regiões do Estado de Minas Gerais que estão com o mercado de trabalho retraído. De acordo com dados de geração de empregos formais do Ministério do Trabalho e Emprego, entre os meses de janeiro de 2015 e 2016, nove das 66 microrregiões de Minas Gerais apresentaram saldo positivo na geração de empregos. As microrregiões campeãs na criação de postos de trabalho no estado foram Piumhí e Peçanha, que tiveram crescimento de 2,34% e 3,27%, respectivamente. O diferencial dessas microrregiões é o setor agropecuário, ainda preservado na crise.

Enquanto isso, a microrregião de Belo Horizonte, a mais rica do estado, responsável por cerca de 1/3 do PIB mineiro, apresentou, no último ano, fechamento de 5,5% dos postos de trabalho formais. Apesar de apresentar significativa importância no PIB estadual, isso não foi garantia de maior geração de empregos. A região é afetada pela contração da indústria, do comércio e dos serviços.

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Na mesorregião da Zona da Mata mineira, apenas as microrregiões de Manhuaçu e de Viçosa conseguiram crescer o número de empregos formais, em 0,59% e 0,51%, respectivamente. As demais microrregiões tiveram fechamento de postos de trabalho: Ponte Nova (0,32%), Cataguases (0,59%), Muriaé (1,66%), Juiz de Fora (2,57%) e Ubá (5,86%). Cabe destacar que as microrregiões de Juiz de Fora e de Ubá, que apresentaram as maiores perdas de emprego formal na Zona da Mata, são as mais industrializadas dessa mesorregião.

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Portanto, é fácil perceber que a conjuntura econômica nas microrregiões do Estado de Minas Gerais está sendo influenciada pelos condicionantes nacionais, mas reage a eles de acordo com características próprias. Em 2015, as regiões especializadas no setor agropecuário se sobressaíram. É a economia nacional regredindo às suas raízes. Literalmente.

Por Adryse V. Lima, Pedro Porto, Inácio F. Araújo Junior e Fernando S. Perobelli _ email para cmcjr.ufjf@gmail.com.

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