O Relatório de Inflação divulgado no último dia 24 pelo Banco Central mostrou uma variação de 2,08% para o IPCA entre os meses de março e maio de 2021. Durante o período descrito, o índice esteve pressionado pelo aumento do preço internacional das commodities (dada a elevada procura por matérias-primas, em decorrência do cenário de recuperação econômica mundial) e pela crise hídrica no Brasil, que vem elevando as tarifas de energia elétrica via bandeiras tarifárias. Para os meses citados, também vale destacar o papel do aumento do dólar no encarecimento dos insumos importados, que afeta o orçamento de produtores e consumidores finais.
Esses fatos contribuíram para que as expectativas de inflação dos consumidores aumentassem para 6,10%, o que já superaria o teto da meta estabelecida para 2021 – de 5,25%. Com isso, a inflação acima do esperado tem sido o principal argumento para as últimas elevações na taxa básica de juros (SELIC), dado o cenário no qual a inflação acumulada em 12 meses pode atingir 8,50% em agosto.
Expectativas apontam que os preços de energia elétrica serão a principal fonte inflacionária no próximo trimestre, ao mesmo tempo em que há uma perspectiva de redução nas tarifas dos planos de saúde, condicionada a um maior controle da pandemia com o aumento do percentual de vacinados.
As previsões apresentadas dependem, no entanto, de condições como a redução do ambiente de incerteza, aprovação de reformas econômicas no congresso e de um dólar mais comedido – na ordem de R$ 5,04.
Apesar do comprometimento do Banco Central em reduzir estímulos monetários para manter a inflação sob controle, o ambiente incerto funciona como um grande nevoeiro, no qual os agentes (mesmo dispondo de uma boa luneta) não são capazes de enxergar com clareza os próximos obstáculos para o cumprimento da meta de inflação estabelecida – o que vem elevando as expectativas.