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Inovações e padrões

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Os reality shows dividem opiniões. Para uns, é sazonal fuga da realidade. A outros, não passa de futilidade. Há quem fique encantado com o confinamento de pessoas de diferentes contextos, como um experimento social, com o mesmo objetivo: vencer. Também vale não ficar de fora dos debates do dia a dia e o insaciável desejo por fofoca e entretenimento. No fim, não há opinião padrão. Está aberta mais uma temporada do BBB.

Independente da posição sobre o programa, é fato que ele rende pautas para todos os gostos. O Confessionário é para quem curte, é indiferente, despreza e espera ansiosamente o fim da última edição até o início da próxima – e a quem não se enquadra em nada disso, claro. Serão abordados assuntos levantados na casa, notícias relevantes e o que mais o programa oferecer. Sem definição de seriedade ou ironia. Afinal, qual a graça de um pensamento não subjetivo?

Se fosse uma série ou uma novela, o episódio piloto já buscaria explicitar a sua proposta; o que a diferencia das demais e os padrões. No caso, pode ser o padrão de personagens, enredo e assim por diante. No BBB 24, não seria diferente. As novidades para a temporada são diversas. O líder e o anjo, por exemplo, terão mais poderes. Mas o novo sistema de votação e o número de pessoas no Camarote se destacam. Agora, o voto é 50% à moda antiga e 50% único por CPF. Além disso, a princípio, o voto é para ficar – mudança ousada para brasileiros.

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Em contraponto às últimas edições – que foram caindo de nível no quesito -, a edição atual conta com apenas seis camarotes. Não por acaso, “esse BBB está mais popular” tem sido frase recorrente nas redes sociais. Com 20 pipocas, a tendência é a maior diversidade. Outra novidade foi o puxadinho: além dos 18 participantes que entraram direto, o público escolheu mais dois e, após curta apresentação, a casa puxou mais seis de uma lista à parte para integrar o elenco. Na dinâmica, ficaram de fora pessoas carinhosamente apelidadas de “padrões”, quase pipocas gourmet, pela internet.

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Na ocasião, ficou claro o preconceito contra pessoas padrão. Como assim não se pode mais seguir os padrões estéticos contemporâneos? A revolta gerada nas redes sociais, inclusive por ex-BBBs, foi nesse tom. Mas qual o padrão que vale? Por exemplo: o BBB 23 foi o primeiro a equiparar o número de brancos e negros. De acordo com o Censo de 2022, do IBGE, 43,5% da população brasileira é branca, enquanto 55,5% se autodeclara negra – pretos e pardos. O programa fugiu do padrão ou quis fazer valer o título de reality show?

Os últimos BBBs vinham, de certa forma, desconstruindo padrões, no que se refere a machismo, LGBTfobia, racismo e outras discriminações. Apesar da bola levantada para o capacitismo, com apenas a segunda pessoa com deficiência da história do programa, o padrão inovou e seguiu na direção do preconceito contra pessoas padrão. Um leve desvio de rota. Afinal, são muitos padrões e muitas inovações, e o programa mal começou. Bem-vindo de volta!

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