Só uma revolução cultural salva o país
Quem me conhece, sabe que eu sou um cara otimista. Coisa do meu DNA.
Mas, agora, irmão, não há otimismo que consiga enfrentar essa hipocrisia assentada em mudanças que só cortam um pedaço da carne de quem não a tem.
Levaram meu país a um estado de calamidade tal que eu só acredito em uma revolução cultural. Genuína. Profunda. Completa.
A Previdência precisa ser reformada, pra não chegar à falência total. Concordo. É preciso um teto para os gastos? Isso vale até para economia doméstica.
Mas, aí começa a minha indagação. Por que começar a reformar por baixo? Por que não começar pelos privilégios? Que deveriam ser extirpados num só estalo. Ou melhor, numa só canetada. Vejam: começam lá em baixo, na base. Tadinhos. Os verdadeiros privilégios continuam nos supersalários, nessa coisa monstruosa e brasileira do carro oficial. Mirem nessa enxurrada de deputados estaduais país afora, chegando aos parasitas brasilianos. Vejam, por exemplo, um Tribunal de Justiça como o do Estado de São Paulo com seus 400 e tantos desembargadores, todos no pretinho, grandão, motorista, gasolina, manutenção e tudo. Sabem o preço disso, multiplicado por todos os Tribunais de cada Estado? Pouca gente se dá conta (como comparação apenas…) que a Suprema Corte dos Estados Unidos não proporciona carro oficial a seus membros. Só o presidente, o tem. A galera menor vai de táxi ou dirigindo o próprio carro. Pra não lembrar que lá também não tem essa coisa inadmissível chamada fórum privilegiado. Tem não. Congressista lá, pisou na lei, vai em cana na hora. O “sabe quem eu sou?” lá acabou há séculos, se é que existiu a um tempo qualquer.
Desculpem, meus queridos leitores, mas, nessa quadra da vida já não suporto hipocrisia. Como disse, só uma efetiva revolução cultural põe este gigante verde/amarelo nos trilhos de sua verdadeira grandeza. Pronto. Falei!
Ismair Zaghetto – Jornalista, sociólogo e leitor convidado