Cadê o Brasil no Oscar?
Nesta última terça (8), a Academia de Artes e Ciências de Hollywood anunciou a lista de indicados ao 94º Oscars e, mais uma vez, o Brasil amarga uma “presença tímida” na competição mais aguardada do cinema mundial.
Sem nenhuma indicação nas categorias de “Melhor Filme Estrangeiro” e “Melhor Documentário” – onde o Brasil, geralmente, figura – o país está ‘representado’ apenas na direção do curta-metragem documentário “Onde eu moro” (Lead me Home).
A produção, apesar de norte-americana, conta com a direção do brasileiro Pedro Kos ao lado do diretor Jon Shenk. O curta acompanha a vida de pessoas sem-teto nas cidades de Nova Iorque e Los Angeles e pode ser visto na plataforma de streaming Netflix.
A ausência oficial do país na cerimônia é reflexo indireto da crise que vive o setor audiovisual desde 2018. Com o desmonte das políticas culturais do país e consequente paralisação do Fundo Setorial do Audiovisual (principal mecanismo de fomento ao cinema brasileiro), o setor sobrevive basicamente através das produções feitas pelos grandes players dos serviços de streaming, em especial, Netflix.
Prova do sintoma, a última vez que um filme brasileiro concorreu ao Oscar foi em 2020, também na categoria melhor documentário, com “Democracia em Vertigem”, filme de Petra Costa. A produção foi realizada entre os idos de 2016 e teve sua estreia em 2019, também pela plataforma de streaming.
Enquanto o Brasil não vive dias melhores no reconhecimento e incentivo à sua produção, nos resta a torcida para “Onde eu Moro”, nosso representante indireto.
A cerimônia do Oscar acontece no dia 27 de março, às 21h, com transmissão pela Globoplay e pelo canal TNT. A TV Globo transmite a reprise logo na sequência, após o Big Brother Brasil.
(Daniel Couto é professor da Estácio, sócio da Impulso Filmes, doutorando em Artes, Cultura e Linguagens pela UFJF e leitor convidado)