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Fala Quem Sabe: Rock, música impopular brasileira

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Fala Quem Sabe

Rock, música impopular brasileira

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A geração nascida no Brasil ali por meados dos anos 1960 e início dos anos 1980, na qual me incluo, teve o privilégio de crescer ouvindo rock. Não havia escapatória para nenhum cidadão levemente urbano: era a música da moda, a que tocava no rádio, na novela… era a música massificada, o “mainstream”, enfim.

Escutar rock não tinha nada a ver com rebeldia, mas com uma noção de pertencimento a um certo status quo. E eis o privilégio: no Brasil, tivemos a sorte de ouvir uma geração inteira de grandes letristas. Cazuza, Herbert Vianna, Renato Russo, Arnaldo Antunes, para citar alguns. Herança de uma música popular que sempre se preocupou com o talhe preciso da palavra, registrada pela pena de poetas como Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Torquato Neto, Belchior, Chico Buarque, Fernando Brant… a lista é vasta e vária. Mas vieram os anos 90 e o rock iniciou sua volta ao porão, ao “underground”, escorraçado pelo novo “mainstream”: o axé, o pagode romântico, o sertanejo universitário, o funk de butique. Os “segredos de liquidificador” sussurrados por Cazuza deram lugar ao rebolado na boquinha da garrafa, ao “vovarrendo”, ao ronco estridente do Camaro amarelo.

Mas nem tudo é sofrência, claro. Aquela herança de Chicos e Caetanos sobrevive na discrição de um manancial enorme de música que subjaz à grande mídia, às grandes rádios, aos programas da moribunda TV. Uma teimosa música impopular brasileira que se traveste de rap, de samba, de bossa, de reggae. E até de um subterrâneo ‘rock and roll’.

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(Wendell Guiducci é  jornalista, cantor da banda Martiataka e leitor convidado)

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