Carnaval é carnaval
“A cidade neste estado, e a Prefeitura vai gastar dinheiro com carnaval?” Quem nunca ouviu ou mesmo se fez essa pergunta? Não apenas neste ano de 2020. O questionamento se repete já há algum tempo. Não somente em Juiz de Fora, mas em diversas cidades do país. Então, concluo, não se trata de uma questão do momento presente. Da nossa cidade, em específico. Dos nossos defeitos, das nossas dificuldades. Trata-se de não compreender a real razão pela qual investimos em uma festa. Sim, a gente investe. Sim, chama-se investimento. Porque há retorno. O carnaval é a maior manifestação cultural brasileira. Bra-si-lei-ra. A cultura é aquilo que nos identifica enquanto nação. Enquanto povo. Portanto, quando “gastamos” no carnaval, investimos na nossa essência. Tornamos, obviamente com uma festa, o Brasil mais Brasil.
Juiz de Fora tem uma enorme tradição no carnaval. A nossa Turunas, grande orgulho, é uma das primeiras escolas de samba do País. A Banda Daki, comandada pelo “general” recém promovido a “marechal” Zé Kodak, é simplesmente patrimônio imaterial da cidade. O Parangolé Valvulado traz em suas letras, paradoxalmente, o calor e o frescor de uma geração talentosíssima de músicos locais. Ao optarmos por colaborar com todas as nossas ferramentas disponíveis para a realização do carnaval, optamos por lembrar quem somos. E por sugerir para onde vamos. É difícil enxergar isso? Sim, é. Não tenho dúvida. Principalmente para quem olha meio de longe, parece que é tudo uma grande balbúrdia. Mas há muito mais significado naquilo. Porque ali no meio, com todo mundo misturado, as diferenças se amenizam e as individualidades importam menos. A democracia ganha novo sentido porque as vozes, em coro, clamam por amor. Juiz de Fora é seu povo. E seu povo é seu carnaval.
(Zezinho Mancini é diretor-geral da Funalfa e leitor convidado)