No início desta semana, no dia 26, terça-feira, foi a data em que o calendário marca como sendo o Dia dos Avós. Evento ou distinção que vem ganhando relevância e expressão social nos últimos anos. Não era muito comum esse acontecimento. Até então, essa data passava batido, sem nenhuma visibilidade nos meios de comunicação social. Está mudando. Acredito que seja mesmo pela percepção do mercado publicitário diante de uma nova realidade nacional e local: o crescimento e a importância social desse segmento nos dias que correm.
Desejo registrar o meu agradecimento à TV Diversa, na pessoa do jornalista Gabriel Lutterbach (torcedor do Fluminense) pelo honroso e agradável convite de participar do programa Manhã Diversa, ancorado pelas jornalistas Mariana e Roberta. Excelentes profissionais! Nossa conversa girou em torno do Dia dos Avós. A participação do público foi muito boa com a exposição de várias fotos dos seus entes queridos da Terceira Idade. Um momento mágico! Emocionante! Como sugere a relação entre nossos avós e demais familiares. No programa televisivo falei da minha avó, Dona Nilta; do meu avô, Dorcino Mendes, o seu Doca; e da minha terra natal, Porciúncula, situada ao noroeste do estado do Rio de Janeiro.
Lembranças. Memórias. Doces memórias. De um feixe de linguiça dependurado numa vara de bambu sobre o fogão à lenha. Dos litros de cachaça que o meu avô vendia e que em cada uma delas tinha uma raiz de planta diferente. Do jogo de cartas, principalmente, o marimbo, correndo solto nos momentos ociosos – quase sempre o tempo todo – ausente de fregueses.
Do ponto de vista da educação que tive, dentro de casa, a relação com a minha avó sempre foi mais tranquila, mais leve, do que com a minha mãe. Ela carregava vários nãos em suas mãos direcionadas a nós. A mim e ao meu irmão. Nas festas de aniversários dos nossos colegas vizinhos, quando os salgadinhos eram servidos, eu precisava da autorização da mãe para comer mais de uma coxinha ou mais de uma empadinha. Na maioria das vezes, quase sempre, o que eu via era o rosto dela dizendo para os meus olhos que não podia comer mais nada. E assim era. E assim foi. Para além dos salgadinhos, a presença austera e repressora da minha mãe atuante sobre os meus desejos. Com a minha vó (materna) tudo era mais fácil, não tinha medo, não tinha raiva presa. Tinha liberdade.
As composições familiares mudaram. E nesses novos arranjos na constituição de novas famílias, novos modos de ser família, penso que é muito importante que as pessoas idosas tenham um lugar de atenção e de dignidade e façam valer sua autoridade. Com a condição de avô e de avó, sem exploração afetiva e sentimental com suas construções de vida familiar devidamente respeitadas. O mundo mudou. Quando mais novo, eu ouvi falar muito e fiz várias redações em escolas – sobre o conflito entre gerações. A disputa entre jovens e velhos. Passado um bom tempo, o que precisamos hoje é aproximar as gerações. Promover encontros intergeracionais. Ter uma dimensão de vida para todas as idades. Nossa saída como sociedade, como cidade e como nação é pela solidariedade intergeracional da raça humana.
Acredito que é pela convivência e pelo diálogo que nós nos salvaremos como pessoas humanas. Essa cultura tem que estar presente na casa da gente. Independente da idade. Aos avôs e avós, os nossos parabéns.