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Desejos por Juiz de Fora!

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Sem nenhum conhecimento científico e sem ter também domínio técnico da literatura psicanalítica, arrisco-me a dizer que todos nós somos seres desejantes.Desejamos algo, desejamos alguém. Desejamos… Na minha opinião, esse impulso interno independe da idade. Quero dizer que, ao contrário do que pensa o senso comum, onde predomina muitos preconceitos e desinformações, as pessoas idosas também desejam e muito. Elas e eles, pessoas idosas, desejam respeito, atenção, solidariedade, afeto e amor, bem como, todas as pessoas de todas as idades. Vou apresentar, aleatoriamente, alguns desejos para e por Juiz de Fora, aniversariante do dia, com os seus 169 anos. Antes porém, destaco em primeiro lugar, a minha sensação de muita gratidão, respeito e amor pela cidade. Aqui, graças à Deus, ao seu Lair da Incolafer e a meus pais, organizei minha casa, no sentido maior que cabe nessa palavra: meus familiares, amigos, estudos, trabalho, lazer e a possibilidade do encontro pessoal e com os outros.

Na entrega de alguns desejos para a cidade, inicio pelo caminho da valorização da imaginação para os anos futuros. Desejo, imagino, que a cidade tenha mais “Calçadões”, com gente menos apressada. E que o Parque Halfeld, tenha mais vida e mais alegria, com atrações culturais permanentes. Que fique proibido dormir nos bancos. Desejo também flores para a cidade em seus parques e jardins. Que tenhamos mais lugares onde a gente possa se encontrar.

Desejo que tenhamos manhãs animadas de domingos nos campos de futebol de várzea nos bairros da cidade. Já que falei de futebol, desejo sucesso para o Tupi,Tupynambás e Sport Clube. E para os outros esportes também. Não consigo dissociar esses desejos da memória de tempos passados, que vivem em mim. Em forma de um estatuto imaginário, de coração, eu te peço, solenemente, Juiz de Fora, que crie cada vez mais mecanismos e estratégias sociais e comunitárias que nos permitam, como diria, a fina escritora e imortal Nélida Pinon, “mergulhar na liturgia do amor: o único capaz de projetar luz sobre a nossa precária existência humana”.

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Celebrar o aniversário da nossa cidade é como comemorar o aniversário de um ente familiar nosso, é dia de festa e de alegria numa dimensão coletiva que envolva todas as pessoas. O presente que eu daria para a cidade é uma condição política e humana gestada por toda a comunidade, de que ela seja para todas as pessoas. E de que todas as pessoas possam ter o direito de usufruí-la. A cidade deve ser e tem que ser o lugar privilegiado para o encontro humano, apesar do aumento das armas da intolerância e do ódio crescerem entre nós.

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Não tem como eu não ser saudosista e não lembrar da minha infância e adolescência em Porciúncula. Essa memória está grudada em mim. Ainda com poucas ruas asfaltadas, dormimos com janelas abertas até porque o calor é insuportável. O dia começa muito cedo. Há poesia em todos os cantos da casa e do lugar. Uma cena que acalma minhas angústias e adormece minhas frustrações, é a vassoura feita de bambu dominada pelo funcionário da Prefeitura, que ao encontrar o chão das ruas, faz um barulho que eu imagino ser, próximo às ondas do mar. Impossível não dormir bem, sinto-me como sendo uma verdadeira canção de ninar.

O que eu vejo para o futuro? Que o trabalho social com as pessoas idosas na cidade ganhe mais a participação e a entrada de mais profissionais e instituições porque o desafio ao longo de mais de 30 anos na minha experiência de trabalho, tem sido pautar a cidade na atenção ao seu envelhecimento – preparar Juiz de Fora – para o convívio cidadão com os seus moradores idosos. Precisamos criar uma cidade para as pessoas.Todas. Pessoalmente, busco outras formas de continuar no trabalho gerontológico principalmente no campo da formação profissional de recursos humanos, capacitados para a intervenção qualificada junto às pessoas idosas.

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Juiz de Fora há que se registrar, é uma cidade pioneira na oferta de um programa municipal para as pessoas idosas, que é o Pró-Idoso da Amac, criado pela gestão do ex-prefeito Tarcísio Delgado, em 17 de junho de 1988. A população de idosos cresceu muito também em nossa cidade e suas necessidades e interesses são amplos e complexos. No entanto, a cidade precisa avançar na oferta de outros serviços sociais e de saúde para essa população. Por outro lado, é indispensável que as pessoas idosas não deixem de participar de espaços públicos de organização de serviços e projetos direcionados a elas. Daí o desejo sempre atualizado de que tenhamos uma cidade para todas as idades.Uma cidade justa, de todos e para todos.

Juiz de Fora, quero que você saiba de uma vez por todas, que eu te amo e que te desejo tudo de bom. E que, eu não tenho como deixar de te agradecer pelo muito que me proporcionou, esse forasteiro,que por aqui desejou ficar, para, através do trabalho social com as pessoas idosas,”pagar” essa dívida de gratidão que eu tenho com você. Muito obrigado.

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