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Amor de vó!

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Eu não conheço coisa melhor do que o amor de vó. Não é só não conhecer é afirmar que não existe nada melhor. É uma infância que fica para sempre. Eu tenho em minha memória passagens impagáveis da relação que tive com a minha avó. Dona Nilta. Baixinha e morena. Mãe da minha mãe. Desejo através dessa crônica de hoje, não só homenagear, mas também dizer da importância dos avós na nossa vida. A nossa história está com os nossos avós. Com a morte deles nosso reino fica habitado de boas recordações, recoberto de um amplo material espiritual que nunca sairá de mim, que nunca vai me deixar vazio. As memórias servem, de fato, é para encherem a bagagem da alma para o fortalecimento da nossa identidade: o que seria de mim sem esse passado humano para a minha arquitetura de pessoa? Muito obrigado a minha ancestralidade. Aos que vieram antes de mim.

A motivação para a escrita dessas linhas não é outra, senão fazer referência. Reforçar com você, prezado leitor e leitora, que dia 26 de julho – segunda-feira – dessa semana, comemoramos o dia dos avós. Uma data que vem ganhando importância, principalmente no campo comercial, no aumento de vendas, em função do reconhecimento do valor afetivo e amoroso dos nossos idosos na composição familiar e na vida da comunidade e das nossas cidades. Há um recado poético, de domínio público, que diz o seguinte. Nascer é uma possibilidade. Viver é um risco. Envelhecer é um privilégio. Acaba que é mesmo um privilégio envelhecer, principalmente nos dias de hoje, diante de tantas adversidades e desigualdades sociais que enfrentamos, notadamente, com o passar do tempo, com a idade repousando (pesando?) sob os nossos ombros. Quando somos mais velhos, mais preconceitos precisamos derrubar. Derrubar mitos, tabus que nos aprisionam e tiram de nós, o direito à existência. Há que se ter a criação de uma solidariedade intergeracional entre nós, nas nossas cidades e nas nações do mundo. Como? Inaugurando uma nova forma de existir. Um novo modo de estabelecer nossas relações sociais. Apostar em novos afetos na arena pública de nossas decisões políticas. As pessoas idosas não podem ficar de fora. Não é justo. Não é humano. Não é civilizatório.

Na casa da minha avó, lá todo mundo comia. Onde comia dez, comia onze. O chouriço que ela fazia era repartido para todos de casa, uma família grande, diga-se de passagem, bem diferente dos núcleos familiares modernos. A comida(sempre a comida) realça a memória. Nesse canto da casa, em torno do fogão à lenha, é que se acendem as minhas mais quentes reminiscências. Na chapa, que demarca a entrada das panelas no fogão – eu não me esqueço – que adorava comer rim de porco (devidamente higienizado) assado com pão. Moía café em grãos na máquina torradeira para a minha avó. Era a forma que eu tinha de participar da rotina caseira da minha avó. Da linguiça caseira dependurada na vara de bambu caía, solenemente, em gotas homeopáticas, com o calor das brasas, rodas miúdas de gordura, na panela para iniciar a fritura do alho, que em breve, receberia a visita do arroz, com a água, ao lado, em outra vasilha, já fervendo.

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São lembranças, de um tempo que fisicamente ficou para trás. Não existe mais, que está em mim. Que me deu base para construir afeto e amor no caminho que tive pela frente. Que foi responsável pela definição da minha profissão. E ser escolhido para o trabalho social com as pessoas idosas. Certamente movido pelo desejo de rever e reencontrar a Dona Nilta, Seu Doca, Vó Maria e Vô Jão. Esses dois últimos, avós paternos, não tive como desfrutar mais da presença deles. Coisas de família.

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Minha literatura ou meu desejo de me comunicar com os outros, reveste-se de desenvolver humanidade na relação com as pessoas. Visitando cada dia que passa, as delícias da infância, dos tempos idos, para ter a coragem necessária para seguir adiante. E meus avós foram e são fontes inesgotáveis para minha sede e fome de viver.

Nas relações familiares do século XXI, desejo também que tenhamos tempo de amor para nossos velhos: pessoas idosas do nosso círculo familiar. De nossa vizinhança, nosso bairro, nossa cidade e de nosso país

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