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Salve os pretos velhos!

Pitico Fernando Priamo
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No início dessa semana – dia 20 de novembro – que vai se despedindo hoje, a mídia nacional e local pautou em seus diversos canais a existência do racismo com suas múltiplas expressões em nossas relações sociais por conta do Dia da Consciência Negra. O tratamento social e o valor da pessoa, merecedora de respeito e dignidade, variam de acordo com a sua cor. A importância dessa data está em sua atualidade histórica sobre a luta de Zumbi dos Palmares contra a escravidão do povo negro, passados quase quatro séculos de sua vida, e também por trazer a reflexão e constatação de que os espaços de crescimento humano e econômico ainda estão fechados para as pessoas negras. Os conteúdos jornalísticos nessa semana deram conta de mostrar essa injusta realidade.

Nossa cidade, através de sua Câmara Municipal, promove esse debate por mais de uma vez: se esse dia passa a ser feriado ou não. Bem mais do que ser um dia de folga do trabalho, a data tem que ser revigorada à luz dos dias atuais para eliminarmos o silenciamento e apagamento da história de muitos homens negros e mulheres negras que lutaram e lutam por uma país justo e democrático e de mais oportunidades de progresso de vida para as pessoas negras.

Nesse contexto de resgate de valorização da biografia de negros e negras, é fundamental trazermos para dentro da sala a importância dos nossos ancestrais, dos nossos pretos velhos. Da velhice ainda muito pouco vista, que é a velhice dos pretos, a velhice das mulheres pretas. Em sua grande maioria, essa gente toda deu mais de si para os outros do que receberam de volta o amor e o afeto que entregaram a seus familiares e a muita gente do seu convívio.

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Envelhecer é uma realidade singular com idiossincrasias específicas para muitas pessoas e para muitas famílias. São muitas as determinações sociais, econômicas, políticas e culturais que incidem sobre o nosso processo de envelhecimento. Velhices não são as mesmas. Salve os pretos velhos. Sábios, por natureza, na transmissão de lições de vida extraídas da própria vivência que passam para os seus afilhados e afilhadas, a cura e o encaminhamento necessário para a estrada dos mais novos.

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Precisamos falar mesmo, criticamente, sobre toda essa gama de construções históricas preconceituosas e injustas sobre a formação social e humana do nosso país e da nossa cidade. Temos que ter um país e uma cidade que nos pertençam. E aos que vieram antes de nós – nossos pais, nossos velhos -, precisamos dedicar a eles nosso respeito e admiração. O que nos mantém vivos é estarmos na memória das pessoas que nos amam, bem como amamos as pessoas pela memória que temos delas em nossas vidas. Fica aqui minha singela homenagem aos pretos velhos!

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