Há uma temática que deve merecer a atenção dos países e das cidades e que está presente no nosso contemporâneo convívio social: o envelhecimento da população mundial e o dos nossos municípios. O número de pessoas idosas é muito grande e tende a aumentar ainda mais. Estamos vivendo a revolução da longevidade. Essa realidade vai afetar (e já afeta) diretamente o conjunto da vida social e política de todo o mundo. Estamos diante de uma situação inexorável. Será preciso refletir e definir ações sobre os impactos trazidos por essa novidade na re/configuração de nossas cidades. Nos seus planejamentos urbanos. Nos planos diretores. Na gestão dos serviços públicos. Na qualificação dos agentes, profissionais e servidores públicos e particulares para o atendimento a essa população. Com o envelhecimento da população, novas demandas serão apresentadas para a sociedade. O que exige, a criação de novas e outras estruturas de atendimento às necessidades e interesses dos cidadãos idosos.
No Brasil, e em nossas cidades, como aqui em Juiz de Fora, o nosso envelhecimento vem se dando há passos largos e rápidos, numa velocidade que requer respostas imediatas, através da participação e envolvimento de diversas e diferentes instituições, na busca de respostas para o que a população idosa deseja: políticas sociais de saúde, assistência social, acessibilidade, cultura, esporte e lazer, entre outras necessidades. Participação comunitária. Respeito familiar. Eliminação de toda e qualquer tipo de violência, o que infelizmente tem crescido, conforme relatos diários da mídia com base nas agências que cuidam dessas demandas.
O ritmo acelerado do nosso envelhecimento populacional nos leva a crer que envelheceremos primeiro, como país, para depois “distribuirmos o bolo”. O que significa dizer que seremos um país com alta proporção de pessoas idosas, antes mesmo de nos tomarmos uma nação justa socialmente. Pobres estamos, pobres ficaremos no futuro, à partir de agora, conforme nos leva e nos levará a reforma da previdência brasileira. O futuro dos cidadãos mais velhos está ameaçado. O nosso também. Em breve, e já acontece por aqui, teremos consequências terríveis para a manutenção de vida dessas pessoas e que é o nosso caminho também.
O envelhecimento da nossa população, que é uma novidade para os tempos atuais, vai trazer repercussões importantes na formação profissional de acadêmicos, acadêmicas e estudantes do ensino superior público e particular: em suas áreas de intervenção, seus suportes de conhecimentos, metodologias de trabalho e funcionalidades. E, principalmente, na comunicação com o público idoso. Nossas instituições de ensino superior, na totalidade, ainda não se adequaram à realidade da nova demografia brasileira. Vamos trabalhar e atender pessoas idosas. Estamos preparados profissionalmente? Para um novo projeto de sociedade que se deseja e que se desenha à frente, é fundamental atrair profissionais para a formação em Geriatria – médico/a que cuida da saúde da pessoa idosa. Gerontólogo/a – profissional de nível superior especializado em gerontologia, que recebe contribuição de várias disciplinas para a gestão de um envelhecimento ativo e cidadão das pessoas idosas.
A educação brasileira, como outras instâncias sócias e institucionais, devem reproduzir em seus planejamentos, ações, serviços e projetos destinados às pessoas idosas, não só pela razão do número expressivo de pessoas idosas que temos, mas também, por uma questão de resgate de uma dívida social com essas pessoas. Foram elas que chegaram primeiro e deram a sua contribuição na construção do país. Nada mais justo do que oferecer serviços e produtos de qualidade para as pessoas idosas. E a formação qualificada de profissionais na área de Geriatria e Gerontologia, com certeza, é um bom começo. Por isso, também, a necessidade das faculdades oferecerem, o quanto antes, cursos de pós-graduação nessa área, por uma necessidade de mercado, mas também de atenção especializada de profissionais preparados para esse atendimento.