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E se vivêssemos todos juntos?

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Diferentemente do também, bom filme, “Amor”, de Michael Haneke, que é mais denso e pesado de assistir; o filme francês, “E se vivêssemos todos juntos”, do diretor Stéphane Robelin, é uma comédia dramática ou um drama recheado de passagens engraçadas. Ambos falam, ou melhor, mostram a realidade do envelhecimento humano. Um olhar contemporâneo sobre as pessoas idosas. Em síntese, os dois filmes nos lançam reflexões diversas sobre essa fase da vida. Mas a principal delas, me parece ser a seguinte: Qual é o sentido da vida na velhice? Vou me deter um pouco mais na narrativa cinematográfica do diretor francês com o seu filme. Datado de 2011, a história é sobre a amizade de cinco companheiros, amigos idosos, que decidem viver juntos até o final de suas vidas. Cada um com suas experiências subjetivas. Personalidades e gostos distintos. Homens velhos e mulheres idosas que desejam cultivar o amor de um pelo outro até o final da vida. É um filme prá cima, bem humorado e que apresenta o valor da amizade ao longo da nossa trajetória. É de contrariar as expectativas, daqueles que pensam que falar de velhice é, necessariamente, mostrar as tristezas, as frustrações e perdas do ser humano.

Algumas pesquisas apontam que o maior medo, ou fantasma, de todos nós que envelhecemos e mesmo para aquelas pessoas já idosas, é dar trabalho para os outros. Para um familiar ou um cuidador formal. Numa linguagem um pouco mais técnica, posso dizer que o que nos dá mais insegurança e desconforto emocional é viver o envelhecimento, com dependência e sem autonomia para comandar/gerir a nossa vida e os nossos desejos e possibilidades no dia-a-dia. Desejamos envelhecer, mesmo com algumas resistências pessoais, desde que, tenhamos qualidade de vida. Autonomia e independência! Será que estamos fazendo por onde? O que eu tenho para chegar bem à Terceira Idade? E as pessoas idosas, o que fazem para a manutenção e o aumento do seu bem-estar? Para essas e tantas outras perguntas, o filme em tela apresenta algumas indicações de caminhos a seguir.

A pergunta que dá o título a esse filme francês (vale a pena assistir) – e não vou dar spoiler – demonstra algumas possibilidades reais para aplacar o medo que temos de envelhecer, principalmente, com o risco bem real, de envelhecermos sem a presença dos nossos familiares queridos e dos nossos amigos que amamos. O que eu posso caracterizar como sendo o envelhecimento social. Pessoas que envelhecem sozinhas. E não tem nenhum gesto concreto de afetividade humana. Nem de animais domésticos. Na minha opinião, de todos os modos de envelhecer que podemos ter, o pior para mim, é o do abandono social e familiar. E infelizmente, é uma situação tão comum em nossas relações sociais. Essa é a minha grande falta. A maior de todas. Imaginar que depois da Missa de Sétimo Dia, serei pouco visitado pela memória das pessoas que eu levei no coração. Dói muito. Eu não desejo ter um envelhecimento que me sepulta, antecipadamente, a memória afetiva que trago da vida e das pessoas que eu amo. São exatamente as ilhas da memória que me mantém, de pé!

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O filme em questão, título dessa coluna, mostra o sentido da vida, para mim. O propósito para a vida que a amizade traz para o nosso envelhecimento. O amor. A alegria. A importância da compaixão e da solidariedade humana. A celebração dos encontros. E mostra também o quanto que nós não planejamos o nosso fim. Fazemos seguro disso, seguro daquilo, até seguro de vida. Mas para a morte, pulamos o degrau da escada da existência. Esse filme foi motivo de debate para os alunos e alunas dos cursos de Saúde de uma faculdade da cidade, numa promoção louvável e muito feliz da Liga de Geriatria e Gerontologia dos estudantes. Deixo aqui a dica para o final de semana. Assistir o filme, de preferência, no domingo. Porque amanhã, caros leitores, tem o jogão de bola, com a minha torcida para a comemoração do Título de Campeão da Taça Libertadores da América pelo Clube de Regatas Flamengo.

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